Illness name: tricomoniase sintomas
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Introdução
Tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis . Ela é a doença sexualmente transmissível não-viral mais comum em todo o mundo, acometendo cerca de 170 milhões de pessoas.
Nas mulheres, a tricomoníase é uma das principais causas de vaginite (infecção da vagina), levando frequentemente a queixas como corrimento vaginal com mau cheiro, coceira genital e dor ao urinar. Por outro lado, nos homens, a infecção é, na maioria dos casos, assintomática.
Neste texto abordaremos os modos de transmissão, os sintomas, diagnóstico e tratamento do Trichomonas vaginalis.
Transmissão
A via sexual é virtualmente a única forma de transmissão do Trichomonas vaginalis , sendo incomum a contaminação através de roupas, toalhas ou outros fômites.
Curiosamente, a transmissão só se dá através do sexo entre mulher e homem ou entre mulher e mulher. A transmissão do T. vaginalis entre homens é pouco comum. Isso ocorre porque o parasito só infecta o pênis ou a vagina, sendo rara a contaminação de outras partes do corpo, tais como as mãos, a boca e o ânus.
O Trichomonas vaginalis é um parasito que só infecta o ser humano; costuma viver na vagina ou na uretra, mas pode também ser encontrado em outras partes do sistema geniturinário. O protozoário causa lesão do epitélio vaginal, levando à formação de úlceras microscópicas que aumentam o risco de contaminação por outras DST, nomeadamente o HIV , HPV , herpes genital , gonorreia e clamídia .
O período de incubação, isto é, o tempo entre a contaminação e o aparecimento dos sintomas, varia geralmente entre 4 a 28 dias. Todavia, muitas pessoas são carreadoras assintomáticas do parasito por longos períodos. Algumas mulheres possuem o T. vaginalis , por meses antes de surgirem sintomas, tornando muito difícil definir a data em que ocorreu a contaminação.
Mesmo quando não apresentam sintomas, as pessoas contaminadas podem transmitir o parasito.
Sintomas
Tricomoníase no homem
No sexo masculino, a infecção pelo Trichomonas vaginalis costuma ser assintomática e transitória, melhorando espontaneamente em muitos casos. Porém, há casos de homens que permanecem sendo portadores assintomáticos do protozoário por vários meses, servido como fonte de contágio.
Quando há sintomas, o quadro mais comum é de uretrite (inflamação da uretra), com dor para urinar e corrimento uretral purulento. Uma complicação pouco comum, mas possível, é a infecção da próstata pelo T. vaginalis , levando à prostatite .
Tricomoníase na mulher
No sexo feminino a infecção pelo Trichomonas vaginalis também pode ser assintomática, mas pelo menos 2/3 das mulheres infectadas apresentam sintomas. O quadro mais comum é a vaginite, inflamação da vagina que cursa com corrimento amarelo-esverdeado de odor desagradável associado à disúria (dor para urinar), dispareunia (dor durante o ato sexual) e prurido (coceira) vaginal.
Sem tratamento, a infecção pode durar meses ou mesmo anos, tornando-se um fator de risco para infertilidade e câncer do colo do útero.
Grávidas
A infecção por T. vaginalis durante a gravidez está associada a complicações, incluindo ruptura prematura das membranas, parto prematuro e recém-nascido de baixo peso.
Diagnóstico
O quadro clínico das vaginites apenas sugerem a causa mais provável, não sendo possível estabelecer o diagnóstico sem exames complementares. Para se confirmar a presença do Trichomonas vaginalis o ginecologista realiza um exame ginecológico, que normalmente detecta uma vagina inflamada e com pequenas úlceras. Durante o exame colhe-se uma amostra de secreção vaginal para ser estudada no microscópio. Em até 70% dos casos é possível identificar o protozoário se movendo nas secreções.
Se o quadro clínico e o exame ginecológico forem muito sugestivos, mas o exame microscópico for negativo, é possível fazer uma cultura da secreção, que costuma dar o resultado entre 3 a 7 dias. O exame de PCR (pesquisa de DNA do protozoário) também pode ser usado. Esse exame é mais caro, porém apresenta resultados mais rapidamente e com mais segurança.
O exame de papanicolau pode também detectar o Trichomonas vaginalis , mas sua sensibilidade é baixa, deixando passar cerca de 50% dos casos, além de ter uma alta taxa de falso positivo.
Tratamento
O Metronidazol e o Tinidazol são as duas opções de tratamento para a tricomoníase. A taxa de cura com esses antibióticos é superior a 90% e nenhuma outra droga apresenta tamanha eficácia. O esquema indicado consiste em 2 gramas de Metronidazol ou Tinidazol por via oral (4 comprimidos de 500 mg) em dose única.
Atenção, é estritamente proibido o consumo de álcool em quem está sendo tratado com uma das duas drogas. É preciso esperar no mínimo 3 dias devido ao risco grave reação (leia: Interação do álcool com remédios e energéticos ).
É importante tratar evitar relações sexuais durante uma semana e o(a) parceiro(a) também deve ser tratado(a), mesmo que esteja assintomático(a) para evitar a reinfecção. Cerca de 70% dos parceiros de um paciente infectado também estão infectados pelo parasito.
Como a taxa de sucesso é muito alta, se os sintomas desaparecerem não é preciso repetir exames para se confirmar a cura.
O metronidazol não trata as outras causas de vaginite, como gonorreia e candidíase. Portanto, se você tem um corrimento, evite a automedicação e procure seu ginecologista.
Prevenção
Para se reduzir o risco de contaminação pelo Trichomonas:
- Use sempre camisinha durante as relações sexuais.
- Evite ter múltiplos parceiros(as).
- Evite relações com pessoas sabiamente contaminadas e ainda não tratadas.
- Se você tem corrimento, evite relações sexuais até ser vista pelo seu ginecologista.
Referências
- Trichomoniasis – UpToDate.
- Trichomoniasis – Centers for Disease Control and Prevention (CVC).
- A Review of Evidence-Based Care of Symptomatic Trichomoniasis and Asymptomatic Trichomonas vaginalis Infections – Infectious Diseases Society of America.
- Trichomoniasis – Medscape.
Autor(es)
Dr. Pedro Pinheiro
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.