Illness name: psoriase

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Índice
1. O que é a psoríase?
2. Causas
3. Fatores de risco
4. Sintomas
4.1. Psoríase em placa
4.2. Psoríase gutata
4.3. Psoríase invertida
4.4. Psoríase ungueal
4.5. Psoríase pustulosa
4.6. Psoríase eritrodérmica
4.7. Artrite psoriática
5. Tratamento
5.1. Tratamento tópico da psoríase
5.2. Luz ultravioleta para psoríase
5.3. Medicamentos por via oral
6. Referências

O que é a psoríase?

A psoríase é uma doença crônica da pele, caracterizada por inflamação e hiperproliferação das células da camada mais superficial, podendo provocar lesões extensas por todo o corpo.

O quadro de psoríase pode ser classificado em diferentes tipos, conforme as suas manifestações clínicas.

Causas

A psoríase é uma doença de pele NÃO contagiosa, que surge devido a uma rápida reprodução e proliferação das células da pele, causando espessamento, inflamação e descamação. A psoríase pode causar lesões discretas ou ser uma doença grave, com lesões extensas e comprometimento das articulações.

A psoríase é uma doença crônica e ainda sem cura. A doença acomete homens e mulheres em igual proporção e atinge todas as etnias, sendo, porém, mais comum em caucasianos (brancos) do que em negros. As lesões podem surgir em qualquer idade, mas são mais comuns em adultos jovens.

Ainda não entendemos bem o que causa a doença. Sabemos, entretanto, que ela surge devido a interações de fatores genéticos, ambientais e autoimunes (se você não sabe o que é uma doença auto-imune, leia: DOENÇA AUTOIMUNE ).

Atualmente tem se dado muita atenção ao papel do linfócito T, um dos nossos glóbulos brancos (células de defesa), que parece ser o responsável pela inflamação da pele na psoríase.

Os linfócitos T normalmente combatem organismos invasores, mas na psoríase ele inapropriadamente considera as células da pele como agentes intrusos, atacando-as.

O ataque do sistema imune contra a pele, além de causar intensa inflamação, estimula a produção de novas células da pele para substituição das lesadas, causando uma rápida proliferação de novo tecido.

Como as células mortas não conseguem ser eliminadas tão rapidamente, a pele começa a ficar mais espessa, pois as novas camadas formadas empurram as antigas para a superfície. Deste processo surgem as lesões típicas da psoríase, que serão explicadas com mais detalhes à frente.

Fatores de risco

Qualquer pessoa pode desenvolver psoríase, todavia, alguns fatores parecem aumentar este risco, principalmente em pessoas geneticamente suscetíveis:

  • Tabagismo .
  • Obesidade .
  • História familiar de psoríase.
  • Alcoolismo .
  • Estresse físico ou psicológico.
  • Infecções bacterianas ou virais.
  • HIV .

Sintomas

A psoríase pode se apresentar de forma distinta entre vários pacientes. Existem casos de pessoas com lesões discretas e casos de pessoas com lesões por quase toda a pele. As lesões típicas da psoríase são placas de pele seca e avermelhada, com descamação prateada/esbranquiçada. Essas lesões podem causar intensa coceira e/ou dor.

O quadro de psoríase pode ser classificado em diferentes tipos, consoante as manifestações clínicas. São 7 os principais tipos de psoríase (há outros ainda): psoríase em placas, psoríase gutata, psoríase invertida, psoríase eritrodérmica, psoríase ungueal, psoríase pustulosa e artrite psoriática. Falaremos resumidamente de cada uma destas.

Se você quiser ver imagens das lesões dos diversos tipos de psoríase, acesse o seguinte link: FOTOS DE PSORÍASE (todos os tipos) .

Psoríase em placa

É o tipo mais comum, correspondendo a cerca de 90% dos casos. São lesões em placas, ovais, distribuídas simetricamente no coro cabeludo, cotovelos, joelho, umbigo e costas. Podem também surgir nas mãos, pés e face.

As placas são avermelhadas, discretamente elevadas, com bordas bem definidas e escamação seca esbranquiçada. As lesões costumam ter de 1 a 10 cm de diâmetro e podem ser múltiplas ou poucas lesões isoladas. As placas costumam ser assintomáticas, mas alguns pacientes se queixam de coceira.

Psoríase gutata

É a psoríase que se manifesta como microlesões. São múltiplas lesões em forma de gota, menores que 1 cm, acometendo geralmente o tronco e a parte superior dos membros. As lesões da psoríase gutata surgem abruptamente, geralmente após um quadro de faringite ou amigdalite pela bactéria streptococcus (leia: DOR DE GARGANTA | FARINGITE | AMIGDALITE ). Este tipo de psoríase pode desaparecer para sempre ou ficar apresentando recidivas toda vez que houver crises de faringite.

Psoríase invertida

Nesta forma, as lesões surgem predominantemente em áreas de dobras, como axilas, virilhas, glúteos, seios e região genital. É mais comum em pessoas obesas e piora com a fricção e a umidade do suor. A psoríase invertida causa lesões avermelhadas, mas sem descamação, sendo muitas vezes confundida com lesões fúngicas ou bacterianas.

Psoríase ungueal

O acometimento das unhas pela psoríase, seja das mãos como dos pés, pode ocorrer isoladamente ou acompanhada pelas lesões de pele. As lesões típicas são pequenas depressões (buraquinhos), espessamento e uma tonalidade amarelada das unhas.

Psoríase pustulosa

A psoríase pustulosa é uma forma incomum que se caracteriza pelo aparecimento rápido de lesões avermelhadas, dolorosas e com pústulas (bolhas com pus) em sua superfície. Existe a forma localizada, que se restringe às mãos e aos pés, e uma forma disseminada, a variante mais grave, que se associa à febre, calafrios, prostração e hepatite (leia: HEPATITE | Tipos, causas e sintomas ). Essas lesões apresentam pus, mas são estéreis, ou seja, não estão contaminadas por germes e não são contagiosas.

Psoríase eritrodérmica

É a forma mais rara de psoríase. Neste tipo ocorre lesões avermelhadas, dolorosas  e descamativas difusamente por mais de 80% da superfície corporal. É uma forma grave de psoríase, sendo uma emergência médica, pois a pele toda inflamada perde sua condição de barreira contra germes do meio externo, deixando o paciente exposto a infecções graves.

Artrite psoriática

O acometimento das articulações com artrite (inflamação das articulações) é uma complicação que ocorre em cerca de 10% dos casos de psoríase (leia: ARTRITE e ARTROSE | Sintomas e diferenças ). A artrite costuma ocorrer nas mãos ou nos pés e pode ser deformante. Lesões nas unhas costumam ser comuns. Não existe uma relação entre a gravidade das lesões de pele com o risco de se desenvolver a artrite.

Como já dito, a imensa maioria dos casos de psoríase se apresenta como psoríase em placa. O quadro costuma ser de uma doença crônica de evolução cíclicas, com períodos de exacerbação alternando com períodos de remissão. 25% dos pacientes apresentam períodos de remissão completa, ficando temporariamente sem lesões. Apesar de ser uma doença sem cura, até 80% dos casos são considerados de gravidade leve ou moderada.

Alguns medicamentos estão associados a exacerbações das lesões de pele, entre eles: propranolol, captopril, anti-inflamatórios e lítio. Estresse, frio, exposição solar excessiva, abuso de álcool e infecções também são fatores que podem exacerbar a doença.

Pacientes com psoríase apresentam maior risco de também terem doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, doenças malignas, principalmente linfomas e doença inflamatória intestinal .

O diagnóstico é feito clinicamente através da história clínica e do exame das lesões dermatológicas. Em casos atípicos, a biópsia de pele pode ser efetuada, mas esta é raramente necessária.

Tratamento

Infelizmente, a psoríase é uma doença que não tem cura. Todavia, existem vários tratamentos disponíveis que podem reduzir os sintomas da doença. O tratamento a ser indicado depende da gravidade da doença, do custo, da conveniência e da resposta individual à terapêutica. Habitualmente, uma combinação de terapias distintas é forma mais usada para tratar a psoríase.

Nas formas mais brandas, o tratamento pode ser feito por via tópica, ou seja, com medicamentos aplicados diretamente sobre a pele, sejam em loção, creme ou pomada.

Tratamento tópico da psoríase

Hidratantes e ceratolíticos

Todo o paciente com psoríase deve habituar-se a usar hidratantes, mesmo se a doença estiver em remissão. Opções para hidratar a pele incluem creme de ureia, ceramidas, vaselina (com ou sem ácido acetilsalicílico) ou lactato de amônia. A hidratação da pele deve ser feita preferencialmente após o banho.

Corticosteroides

Entre os medicamentos tópicos, os corticoides são os mais usados, pois são drogas capazes de diminuir a inflamação da pele (leia: PREDNISONA E CORTICOIDES | efeitos colaterais ). Existem várias formulações tópicas à base de corticoides para o tratamento da psoríase, incluindo hidrocortisona, betametasona, clobetasol, fluocinonida, etc. Alguns destes corticoides são mais ou menos potentes, indicados segundo a necessidade de cada paciente.

Análogos da vitamina D

Pomadas à base de vitamina D, como calcipotriol ou calcitriol, podem ser usadas junto ou em substituição aos corticoides. Não costumam ser indicadas para uso na face devido ao risco de fotossensibilidade. Os análogos da vitamina D são mais eficazes quando usados em conjunto com algum corticoide.

Alcatrão

O alcatrão é uma substância obtida a partir de carvão, usada no tratamento de psoríase já há muitos anos. Preparações com alcatrão estão disponíveis em xampus, cremes, óleos ou loções para serem aplicados sobre a pele ou couro cabeludo. Os medicamentos à base de alcatrão não causam efeitos colaterais graves, mas podem manchar a pele, cabelo e roupas. São geralmente usados junto com corticosteroides ou com tratamentos de luz ultravioleta (explicado mais adiante).

Inibidores de calcineurina

Os inibidores da calcineurina são medicamentos com ação imunológico e também podem ser usados por via tópica. As opções são o tacrolimos ou pimecrolimos em creme, usados especialmente na face e nas dobras da pele, tais como a axila ou sob os seios.

Luz ultravioleta para psoríase

A exposição à luz ultravioleta é outra forma efetiva de se tratar a psoríase. O tratamento pode ser feito em clínicas dermatológicas, com exposição a radiação artificial de UVB e UVA, mas esta forma apesar de bastante eficaz, costuma ser cara.

De forma mais simples, se o paciente viver em áreas com ampla exposição solar durante todo o ano, como é o caso da maioria dos estados do Brasil, ele pode ser encorajado a tomar curtos banhos diários de sol, no período da manhã ou ao final da tarde.

O grande problema da terapia com luz ultravioleta a longo prazo é o risco maior de desenvolvimento de câncer de pele (leia: MELANOMA MALIGNO | Câncer de pele ).

Medicamentos por via oral

Metrotrexato

O metotrexato é uma droga imunossupressora usada no tratamento das formas mais graves da psoríase. Os resultados costumam demorar 3 meses para aparecer. Como há risco de lesão do fígado, aconselhamos os pacientes a não ingerir bebidas alcoólicas durante o tratamento.

Acitretina

A acitretina é um retinoide (derivado da vitamina A), também indicada no tratamento das formas mais agressivas de psoríase. A melhora das lesões começa a aparecer com 1 mês de tratamento, mas são precisos até 6 meses para a droga exercer seus efeitos máximos.

Outras drogas

Várias outras drogas imunossupressoras têm sido usadas no tratamento da psoríase. Entre elas podemos citar: ciclosporina, azatioprina, etanercepte, infliximabe e adalimumabe.

Como se pôde ver, há um gigantesco arsenal de medicamentos contra a psoríase. Em medicina, esse excesso de opções geralmente ocorre quando não existe uma droga nitidamente superior e com efeitos curativos. Nenhum dos tratamentos citados acima é capaz de curar a psoríase, mas, na maioria dos casos, a doença consegue ser bem controlada, proporcionando boa qualidade de vida ao paciente.


Referências

  • Guidelines of care for the management of psoriasis and psoriatic arthritis – American Academy of Dermatology.
  • Prospective New Biologic Therapies for Psoriasis and Psoriatic Arthritis – Journal of drugs in dermatology.
  • Psoriasis – Medscape.
  • Psoriasis: Epidemiology, clinical manifestations, and diagnosis – UpToDate.
  • Treatment of psoriasis in adults – UpToDate.
  • Bolognia JL, et al., eds. Psoriasis. In: Dermatology. 4th ed. Philadelphia, Pa.: Saunders Elsevier; 2018.
  • Fitzpatrick JE, et al., eds. Papulosquamous skin eruptions. In: Dermatology Secrets Plus. 5th ed. Philadelphia, Pa.: Saunders Elsevier; 2016.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.