Illness name: acne cravos e espinhas

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Índice
1. O que é acne?
2. Como surgem os cravos e espinhas
3. O que causa a acne?
4. Classificação
5. Tratamento
5.1. Medidas gerais contra acne
5.2. Acne Comedogênica – grau I
5.3. Acne moderada – grau II
5.4. Acne moderada a grave – grau III e IV
6. Efeitos do Roacutan® (Isotretinoína)
7. Referências

O que é acne?

Acne vulgar ou acne juvenil, conhecida popularmente como cravos e espinhas, é um das doenças de pele mais comuns no mundo. Estima-se que até 85% dos adolescentes apresentem acne em algum grau. Apesar de ser mais comum na adolescência, até 10% das pessoas com mais de 50 anos queixam-se da presença de cravos e espinhas.

Apesar de causar poucas complicações, a acne grave, principalmente a facial, pode causar estragos na auto-estima e na vida social dos jovens. A falta de tratamento ou a instituição de tratamentos inadequados podem deixar manchas e cicatrizes inestéticas.

Como surgem os cravos e espinhas

A acne vulgar é uma doença dos folículos pilo-sebáceos.

As unidades pilo-sebáceas encontram-se logo abaixo da superfície da pele, sendo numerosas na face, nas costas e no peito. São compostas por um folículo piloso, que é da onde nascem os pêlos, e por uma glândula sebácea, responsável pela produção de sebo, um substância gordurosa responsável pela hidratação da pele.

O processo de formação da acne inicia-se quando há obstrução do canal do folículo, impedindo a drenagem do sebo para a pele. Normalmente essa obstrução se dá quando há uma grande produção de sebo associado a células mortas da pele. A junção desses dois forma uma espécie de rolha ou tampão chamado de comedão. Quando esprememos um cravo, aquela substância branca que sai com uma extremidade preta, nada mais é do que o comedão.

Unidade pilo-sebácea

Durante a adolescência, o aumento dos hormônios sexuais estimula uma maior produção de sebo pelas glândulas sebáceas, favorecendo a formação de cravos.

Os comedões são excelentes meio de cultura para uma bactéria que costuma viver na superfície da nossa pele, chamada Propionibacterium acnes . A P.acne invade o folículo e se alimenta das gorduras do sebo, prolifera-se e causa infecção da unidade pilo-sebácea. A partir deste momento, não temos mais um cravo, e sim, uma espinha propriamente dita, composta pelo comedão e uma bolsa de pus ao redor.

Os pacientes com acne grave são aqueles que apresentam glândulas sebáceas hiper responsivas aos hormônios sexuais, principalmente à testosterona.

Formação da espinha

O que causa a acne?

Como já dito, alterações hormonais são responsáveis pela estimulação das glândulas sebáceas e pela formação do comedão. Fatores genéticos contribuem para definir aqueles que apresentam maior ou menor reação a esse estímulo hormonal.

Portanto, não é de se estranhar que adolescentes, grávidas, flutuações hormonais por alterações no anticoncepcional, mulheres com ovário policístico e usuários de testosterona ou derivados tenham um risco maior de desenvolver acne.

Algumas drogas como corticoides (cortisona) são semelhantes estruturalmente aos hormônios sexuais, e por isso, também facilitam o aparecimento de espinhas e cravos.

Substâncias e cosméticos a base de óleo podem favorecer o aparecimento da acne. Dê preferência à produtos à base de água, denominados produtos não comedogênicos.

Apesar de ser um fato bastante difundido na população leiga, não há provas de que exista relação da acne com a alimentação.

Outro famoso mito é de que a acne é causada por falta de higiene da pele. Na verdade, lavar a pele com água e sabão realmente diminui a oleosidade, porém, não impede que a glândula sebácea continue a sua produção de sebo. Após algumas horas da limpeza, a pele já encontra oleosa novamente e esfregá-la insistentemente pode até piorar as lesões.

Isso de modo algum significa que não se deva tomar banhos com sabonete diariamente, apenas não se deve esperar que somente isto solucione o problema das espinhas.

Períodos de estresse psicológico parece colaborar para um agravamento das lesões.

Em mulheres com sobrepeso, distúrbios do ciclo menstrual, distribuição anormal de pelos e acne, deve-se pensar em síndrome dos ovários policísticos.

Classificação

A acne é mais comuns nas áreas onde há maior presença de glândulas sebáceas, nomeadamente na face, pescoço, costas, peito, ombros e região superior dos braços.

A gravidade da acne é graduada da seguinte forma:

  • Grau I – Presença majoritária de comedões e ocasionalmente algumas pústulas (espinhas).
  • Grau II – Comedões e pústulas em maior quantidade, principalmente na face, com possibilidade de formação de cicatriz.
  • Grau III – Numerosos comedões e pústulas difusos pela face, ombros e tronco. Pode haver formação de nódulos e cistos. A presença de cicatrizes é comum.
  • Grau IV – Numerosos cistos e nódulos e presença de cicatrizes graves.

Existe ainda um forma mais grave e rara, chamada de acne fulminans que se apresenta com febre, lesões nos ossos, rins e sepse ,

Acne grau II no tronco

Tratamento

O tratamento da acne depende do grau da mesma.

Medidas gerais contra acne

  • Evite espremer as espinhas e cravos.
  • Lave o rosto diariamente, de preferência com produtos específicos para acne. Use sabonetes especiais para o rosto. Evite usar produtos que ajudam a esfregar.
  • Evite exposição solar, principalmente se você estiver tratando a acne com medicamentos.
  • Evite excesso de maquiagem e não durma sem antes retirá-la.
  • Evite roupas apertadas ou muito quentes.
  • Tome banho após exercícios físicos.

Acne Comedogênica – grau I

O objetivo é diminuir a formação dos comedões. O tratamento pode ser feito com retinoides tópicos como o Tazaroteno, Adapaleno ou Ácido retinoico. Também podem ser usados sabonetes a base de ácido salicílico e ácido azelaico.

Em casos mais resistentes pode ser necessária a extração manual dos comedões por profissionais habilitados (limpeza de pele)

Acne moderada – grau II

Neste caso já há infecção pelo P. Acnes, sendo necessário drogas com atividade antibacteriana. O esquema mais usado inclui o Peróxido de benzoíla e um antibiótico, ambos tópicos.

Acne moderada a grave – grau III e IV

Além do tratamento tópico, antibióticos orais e Isotretinoína (Roacutan®) são necessários.

Nas mulheres, o uso de alguns tipos de anticoncepcionais podem ajudar muito.

→ Para saber mais detalhes sobre os medicamentos usados no tratamento da acne, leia: Opções de tratamento da acne .

Efeitos do Roacutan® (Isotretinoína)

O Roacutan® é uma poderosa droga para o tratamento da acne moderada a grave, porém apresenta uma gama de efeitos colaterais.

A Isotretinoína diminui o tamanho e a secreção de sebo das glândulas sebáceas e diminui a acumulo de células da pele dentro do canal. Deste modo ela age nos fatores que contribuem para a formação dos comedões.

O Roacutan® é contra-indicado na gravidez por causar mal formações graves no feto. Por isso, deve ser usada com cautela em mulheres em idade fértil. O ideal é associar a pílula e realizar testes de gravidez mensalmente.

A Isotretinoína também pode causar lesões de pele, principalmente se houver exposição solar. Como diminui a produção de sebo, pode cursar com secura da pele.

Outras complicações incluem: Dores articulares, redução da visão noturna, hepatite medicamentosa, supressão da medula óssea e aumentos dos triglicerídeos .

A famosa relação entre o Roacutan® e depressão/suicídios estabelecida nas décadas de 80/90, tem sido contestada pelos últimos trabalhos. Atualmente admite-se essa hipótese, porém essa relação não é tão certa como se achava.

Para saber mais sobre o Roacutan®, leia: Informações sobre o Roacutan (isotretinoína) .


Referências

  • Pathogenesis, clinical manifestations, and diagnosis of acne vulgaris – UpToDate.
  • Acne vulgaris: Overview of management – UpToDate.
  • Management of acne: Canadian clinical practice guideline – Canadian Medical Association Journal.
  • Acne clinical guideline – American Academy of Dermatology Association.
  • Guideline for the Treatment of Acne – European Dermatology Forum.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.