Illness name: verrugas

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Índice
1. O que são as verrugas?
2. Como surge
3. HPV e verrugas
4. Verrugas comuns
4.1. Tratamento
5. Verruga genital (condiloma acuminado)
5.1. Tratamento
5.2. Vacina contra HPV
6. Referências

O que são as verrugas?

Verrugas são pequenos tumores benignos que aparecem na pele provocados pelo Papiloma vírus humano (HPV), o mesmo vírus que costuma causar o câncer do colo do útero nas mulheres.

Porém, apesar de ser o mesmo vírus, as verrugas comuns de pele são causadas por subtipos diferentes, que não costumam provocar câncer.

Portanto, a verruga comum de pele é um doença benigna, que não causa câncer e costuma desaparecer espontaneamente com o tempo. A ocorrência de câncer está geralmente relacionada a alguns poucos subtipos do HPV, a infecções genitais e à presença de imunossupressão.

As verrugas são mais comuns em crianças, adolescentes e adultos jovens.

Neste texto vamos abordar apenas as verrugas comuns e as verrugas genitais. Se você está à procura de informações sobre o HPV e o câncer de colo do útero, leia: HPV | CÂNCER DO COLO DO ÚTERO | Sintomas e vacina.

Como surge

Os queratinócitos são o tipo de célula predominante da epiderme, que é a camada mais externa da pele. São eles que produzem queratina, uma proteína presente no cabelo, nas unhas e em toda a pele, em quantidades diferentes dependendo da localização.

Quanto maior for a quantidade de queratina, mais espessa e mais resistente a traumatismos e ao estresse mecânico fica a pele. É por isso que a pele da palma da mão é mais rígida que a pele do pescoço e mais suave que a pele da planta do pé.

Os queratinócitos infectados pelo HPV tendem se proliferar, aumentando a produção de queratina e provocando um espessamento localizado da epiderme, que se torna visível na forma de uma verruga, semanas ou meses após a infecção.

HPV e verrugas

Existem mais de 150 subtipos do HPV, que é um vírus que infecta principalmente as células da pele e das mucosas. Cada subtipo tem tropismo (atração) por uma área do corpo. Por exemplo, o HPV-2 e HPV-4 estão associados a verrugas comuns de pele, o HPV-1 a verrugas que acometem a planta dos pés e os HPV-6 e HPV-11 costumam infectar a região dos ânus e dos genitais.

É importante saber que uma pessoa com verrugas comuns não transmite o HPV pela via sexual nem corre risco de desenvolver câncer do colo do útero. A infecção fica confinada àquela área da pele. Uma verruga na mão, significa uma infecção pelo HPV restrita à mão.

Já as verrugas genitais, também chamadas de condilomas, são altamente contagiosas pela via sexual, seja ela oral, vaginal ou anal.

A contaminação das mucosas do ânus e dos genitais pelo HPV acarreta em um maior risco de desenvolvimento de câncer no pênis, ânus e colo do útero, principalmente se forem causados pelos subtipos 6, 11, 16, 18, 31 ou 35.

Nem todo subtipo do HPV provoca verrugas e o surgimento do câncer não está ligado à sua presença.

Os subtipos HPV-6 e HPV-11, responsáveis por mais de 90% dos casos verrugas genitais, apresentam baixo potencial de transformação em câncer quando comparados aos subtipos HPV-16 e HPV-18, que causam verrugas menos frequentemente, mas apresentam elevado risco de câncer do colo do útero. Entretanto, é muito comum que mulheres que apresentam verrugas genitais também tenham lesões pré-malignas no colo uterino.

Verrugas comuns

Os HPVs que infectam a pele são normalmente contraídos quando há lesões como cortes e arranhões que permitem a invasão do vírus para dentro do organismo. A transmissão é de pele para pele, mas pode ocorrer também através de objetos como toalhas e roupas. O vírus também pode contaminar outras áreas do corpo do próprio paciente. Pessoas com doenças de pele ou lesões apresentam maior risco de serem contaminadas.

Verruga plantar

Desde a contaminação com o HPV até o aparecimento da verruga pode haver um intervalo de até 6 meses.

Cada organismo reage a infecção pelo HPV de modo diferente, o que significa nem todo mundo que é contaminado pelo vírus desenvolve verrugas. Quanto mais fraco o sistema imune, maior o risco de tê-las, isso inclui transplantados e pacientes com HIV .

Na verdade estima-se que até 80% da população venha a ser infectado pelo HPV em algum momento da vida, porém, apenas 5% irão desenvolver verrugas.

As verrugas costumam surgir mais frequentemente nas mãos, nos pés, joelhos, cotovelos e na face, porém, qualquer região do corpo pode ser afetada. A verruga pode ser única ou múltiplas, e apresentar diversos aspectos, variando de tamanho, cor e formato.

As verrugas associadas ao HPV estão subdivididas de acordo com a região anatômica na qual estão situadas ou pela sua morfologia. Exemplos:

  • Verruga comum ( Verruca vulgaris ).
  • Verruga plantar ( Verruca plantaris ).
  • Verruga plana ( Verruca plana ).
  • Verruga filiforme ( Verruca filiformis ).

Para ver imagens e a descrição das lesões dos tipos de verruga citados acima, acesse: Fotos de verrugas comuns de pele .

Tratamento

Um vez que o HPV fica restrito à região da verruga, a maioria dos tratamentos atuais não visam atacar o vírus propriamente, mas sim destruir a região da pele contaminada, tentando ao máximo preservar a parte sadia ao redor.

Antes de se submeter a um tratamento, é importante saber que 2/3 das verrugas se curam espontaneamente em um prazo de dois anos.

Existem várias opções para se tratar as verrugas, algumas mais efetivas, algumas menos dolorosas e algumas mais lentas. O tratamento das verrugas comuns é diferente do das verrugas genitais, apesar de algumas substâncias usadas serem as mesmas.

O uso de nitrogênio líquido é bastante eficaz, porém costuma ser algo doloroso e crianças tendem a não tolerá-lo. O tratamento precisa ser repetido algumas vezes e dura em média 3 meses. Como ele pode causar um clareamento da pele tratada, deve ser bem discutido se o paciente tiver pele escura.

O ácido salicílico é uma opção menos dolorosa e apresenta taxa de sucesso ao redor dos 70%. Outras opções incluem substância à base de cantarina, ácido bicloroacético, tretinoína, 5-fluorouracil ou excisão cirúrgica de lesão.

O Imiquimod  é uma substância que parece agir de modo distinto, estimulando o sistema imune a destruir o HPV. Ele é normalmente usado em associação com uma das opção de tratamento descritas acima

Se você tem uma verruga e deseja retirá-la, procure um dermatologista e discuta as opções mais adequadas para o seu caso.

Verruga genital (condiloma acuminado)

As verrugas anais e genitais recebem o nome de condiloma acuminado. Popularmente essas verrugas genitais são conhecidas como crista de galo.

O HPV genital é uma doença altamente transmissível pela via sexual, e como já foi explicado, o surgimento da verruga depende do subtipo do HPV infectante.

A infecção genital pelo HPV, com ou sem condiloma, é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo, sendo mais comum que a gonorreia , clamídia , sífilis e o herpes genital .

Como qualquer DST, o seu principal fator de risco é a prática de sexo sem preservativos, principalmente se for com vários parceiros(as). A camisinha diminui o risco de contágio, mas no caso específico do HPV, a sua eficácia parece ficar em torno de 70%, muito abaixo das de outras DST.

Mais uma vez é importante lembrar que uma pessoa pode estar infectada pelo HPV mesmo que não possua verrugas visíveis. O parceiro(a) contaminado também pode ou não desenvolver condilomas.

O condiloma acuminado pode demorar até 8 meses para se desenvolver após o contágio pela via sexual. O condiloma anal normalmente ocorre em pessoas que praticam sexo anal, porém, principalmente em mulheres, não necessariamente indica que o paciente teve relação sexual pela via anal.

Nas mulheres as lesões do HPV genital costumam acometer a vulva, colo do útero, vagina, períneo e ânus. A presença de condiloma, em qualquer área da região genital, é um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de colo uterino.

Nos homens as lesões do HPV costumam aparecer no pênis, próximo a glande. Outros pontos possíveis são a bolsa escrotal e o ânus, este último principalmente, mas não exclusivamente, após relação homossexual.

A prevalência do condiloma acuminado é maior em pacientes com imunossupressão, principalmente nos portadores de HIV com AIDS (SIDA).

As verrugas genitais costumam ser assintomáticas, causando apenas desconforto estético no caso de condilomas grandes e visíveis. Às vezes, a verruga é tão pequena que o paciente nem se dá conta da sua existência. Em alguns casos, entretanto, podem haver queixas de comichão, dor, queimação, sangramento e, nas mulheres, corrimento vaginal.

As infecções genitais pelo HPV estão relacionadas a um maior risco de câncer anal, peniano, vaginal e de colo do útero.

Tratamento

Entre as substâncias mais usadas incluem-se o nitrogênio líquido, podofilina, Imiquimod, ácido tricloroacético ou ácido bicloroacético. Nos condilomas grandes, a excisão cirúrgica ou com laser é muitas vezes necessária.

Vacina contra HPV

A vacina contra o HPV visa a prevenção contra o câncer do colo de útero. Existem 2 vacinas contra o HPV: uma inclui os subtipos 6, 11, 16 e 18, e outra os 45 e 31. Portanto, a vacina inclui os principais, mas não todos os subtipos relacionados ao câncer de colo uterino. Logo, a vacinação não elimina a necessidade do exame preventivo anual já que não elimina em 100% o risco de câncer.

Apesar do objetivo principal ser a prevenção contra o câncer de colo uterino, a presença dos subtipos HSV-6 e HSV-11 na vacina ajuda também na prevenção do condiloma acuminado.

Falamos especificamente da vacina contra o HPV em um artigo à parte, que pode ser acessado através do seguinte link: VACINA CONTRA HPV | Eficácia, efeitos e indicações .


Referências

  • British Association of Dermatologists’ guidelines for the management of cutaneous warts – British Journal of Dermatology.
  • Human Papillomaviruses – Red Book.
  • Warts – American Academy of Dermatology
  • Cutaneous warts (common, plantar, and flat warts) – UpToDate.
  • Condylomata acuminata (anogenital warts) in adults: Epidemiology, pathogenesis, clinical features, and diagnosis – UpToDate.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.