Illness name: incontinencia urinaria

Description:

Índice
1. O que é incontinência urinária?
2. Como controlamos a urina?
3. Tipos de incontinência urinária
3.1. Incontinência urinária de esforço
3.2. Incontinência urinária de urgência
3.3. Incontinência urinária mista
3.4. Incontinência urinária de sobrefluxo
4. Fatores de risco para incontinência urinária
5. Diagnóstico

O que é incontinência urinária?

Incontinência urinária é a perda da capacidade de controlar a bexiga, causando vazamentos involuntários de urina.

A incontinência urinária é uma situação extremamente comum, principalmente em mulheres acima dos 60 anos. O seu maior problema é o constrangimento, que em alguns casos pode ser tão grande que a paciente nem sequer relata-o ao seu médico. Apesar de ocorrer tipicamente em mulheres mais velhas, a incontinência urinária também pode acometer mulheres jovens e homens.

Como controlamos a urina?

Para entender por que surge a incontinência urinária é preciso antes conhecer o funcionamento normal da bexiga e da uretra.

Começando pelo básico. A urina é produzida pelos rins, escoada pelos ureteres, armazenada na bexiga e eliminada através da uretra.

A bexiga é órgão responsável por armazenar temporariamente a urina produzida pelos rins ao longo do dia. Quando o volume de urina se aproxima de 200-300 ml, o estiramento da parede da bexiga envia sinais ao cérebro, causando-nos a desconfortável sensação de precisar urinar. Quanto mais cheia a bexiga, mais forte é a vontade.

Os rins produzem urina de forma ininterrupta, drenando continuamente pequenos volumes em direção à bexiga. Isto significa que temos sempre algum volume de urina na bexiga durante todo o dia, mesmo quando não estamos com vontade de urinar. Em alguns momentos, podemos ter até 200 ml de urina armazenados na bexiga sem nos darmos conta disso.

Mas como é que impedimos que essa urina armazenada saia da bexiga, já que não passamos o dia fazendo força para não urinar?

Quando a bexiga está vazia ou com pequeno volume de urina, os nervos da bexiga enviam sinais ao cérebro comunicando esta situação. Neste momento, a musculatura da bexiga encontra-se relaxada, facilitando o armazenamento de urina proveniente dos rins. Ao mesmo tempo o cérebro comanda os músculos ao redor da uretra fazendo com que os mesmo fiquem contraídos. Essa contração é involuntária e imperceptível. O resultado final é uma baixa pressão na bexiga relaxada e uma alta pressão na uretra contraída, impedindo a saída de urina.

A uretra fica contraída graças a um grupo de músculos que compõe o esfíncter uretral ou esfíncter urinário . Além do esfíncter, outros músculos da região pélvica também agem controlando a pressão na uretra, mantendo-a fechada.

Quando a bexiga fica cheia, sua dilatação envia estímulos ao cérebro para urinar. Neste momento, o processo de fechamento da uretra começa a tornar cada vez menos involuntário e passa a depender de um esforço ativo dos esfíncteres e da musculatura pélvica. Ao mesmo tempo, a musculatura da bexiga, chamada de músculo detrusor, começa a reduzir seu relaxamento em um processo para iniciar o esvaziamento a bexiga. Quanto mais cheia a bexiga, maior a pressão dentro desta e maior a necessidade de fazermos força para segurar a urina.

Quando urinamos, o detrusor (músculo da bexiga) se contrai, espremendo a bexiga e expulsando o volume de urina do seu interior. Concomitantemente, o esfíncter urinário e os músculos da pelve relaxam, abrindo a uretra e permitindo o escoamento da urina.

Portanto, o ato de urinar e de prender a urina dependem do bom funcionamento e sincronia dos nervos e da musculatura da bexiga e da uretra.

Tipos de incontinência urinária

Incontinência urinária de esforço

A incontinência urinária de esforço é aquela em que ocorre perda involuntária de urina quando há um aumento na pressão intra-abdominal, ou seja, quando tossimos, espirramos, rimos, pulamos ou quando fazemos qualquer esforço que use a musculatura abdominal. Todo aumento da pressão abdominal também causa um aumento da pressão na bexiga. Em pessoas sem problemas, este aumento de pressão não é suficiente para vencer o esfíncter urinário, por isso, a maioria dos indivíduos não perde urina aos esforços.

A incontinência urinária de esforço é causada na maior parte dos casos por uma fraqueza nos músculo da região pélvica, fazendo com que haja um mau funcionamento do esfíncter urinário, permitindo a perda de urina toda vez que houver aumento súbito da pressão dentro da bexiga.

A incontinência urinária de esforço pode ser causada pela gravidez, por lesão da musculatura pélvica durante o parto vaginal, por uma cirurgia na região pélvica ou pelo enfraquecimento natural da musculatura ao longo dos anos.

Incontinência urinária de urgência

A incontinência urinária de urgência é aquela que ocorre por uma hiperatividade do detrusor, músculo que contrai a bexiga. A bexiga apresenta súbitas contrações, causando urgência para urinar, o que, em alguns casos, costuma fazer com que o paciente urine antes ter tempo de chegar ao banheiro. Esse tipo de incontinência urinária também é chamada de bexiga hiperativa.

A incontinência urinária de urgência pode ocorrer devido ao envelhecimento da bexiga, queda nos níveis de estrogênio (menopausa), doenças neurológicas como Parkinson (leia: DOENÇA DE PARKINSON | Sintomas e tratamento ), infecção urinária (leia: INFECÇÃO URINÁRIA | Cistite ) e outras causas que citaremos mais abaixo.

PaAra saber mais detalhes sobre a bexiga hiperativa, leia: BEXIGA HIPERATIVA- Causas, Sintomas e Tratamento .

Incontinência urinária mista

A Incontinência urinária mista é aquela que apresenta características dos dois tipos de incontinência citados anteriormente, ou seja, um esfíncter incompetente associado a uma bexiga que contrai involuntariamente. É, na verdade, a apresentação mais comum de incontinência urinária.

Incontinência urinária de sobrefluxo

A incontinência urinária de sobrefluxo é aquela que ocorre por obstruções à saída de urina, fazendo com que a bexiga permaneça constantemente cheia. Ao contrário dos outros tipos de incontinência, este caso é mais comum nos homens, principalmente naqueles com doença da próstata, seja hiperplasia benigna, seja câncer de próstata (leia: CÂNCER DE PRÓSTATA | Hiperplasia benigna da próstata) . O crescimento da próstata comprime a uretra e faz com que a bexiga tenha que suportar grandes volumes de urina. Quando a bexiga fica muito, mas muito cheia, a pressão do líquido é tão grande que acaba vencendo a resistência causada pela próstata, fazendo com que o paciente não tenha controle da hora que vai urinar.

Pessoas com doenças que causem lesão dos nervos ou dos músculos da bexiga, também apresentam dificuldades em esvaziá-la, podendo apresentar incontinência urinária de sobrefluxo.

Independente da causa, o mecanismo inicial da incontinência é sempre o mesmo, hiperatividade da bexiga, hipoatividade da bexiga, obstrução à passagem da urina ou um esfíncter urinário incompetente. Deve-se destacar que é muito comum o paciente com incontinência urinária apresentar mais de um destes mecanismo ao mesmo tempo.

Existe também a incontinência urinária causada por incapacidade do paciente, como nos casos de demência ou lesão neurológica grave.

Abaixo, citaremos as doenças e condições que mais comumente levam a incontinência urinária.

Fatores de risco para incontinência urinária

  • Idade avançada.
  • Obesidade (leia: OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA | Definições e consequências ).
  • Tabagismo (leia: MALEFÍCIOS DO CIGARRO | Tratamento do tabagismo ).
  • Diabetes mellitus (leia: DIABETES MELLITUS | DIAGNÓSTICO E SINTOMAS ).
  • Infecção urinária (leia: INFECÇÃO URINÁRIA | Cistite ).
  • Gravidez.
  • Parto normal
  • Histerectomia (retirada do útero).
  • Cirurgias pélvicas.
  • Traumas na região pélvica.
  • Menopausa (leia: MENOPAUSA | Sintomas e causas ).
  • Prostatite (leia: PROSTATITE | Sintomas, causas e tratamento ).
  • Aumento do tamanho da próstata (leia: CÂNCER DE PRÓSTATA | Hiperplasia benigna da próstata) .
  • Doença de Parkinson (leia: DOENÇA DE PARKINSON | Sintomas e tratamento ).
  • Esclerose múltipla (leia: ESCLEROSE MÚLTIPLA | Sintomas, diagnóstico e tratamento ).
  • Doença de Alzheimer.
  • Traumas da coluna.
  • AVC (leia: AVC | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Sintomas e tratamento ).
  • Obstruções do trato urinário.
  • Drogas (diuréticos, antidepressivos, antipsicóticos, sedativos, medicamentos para redução da próstata, etc.).

Diagnóstico

A avaliação inicial da incontinência urinária inclui uma avaliação da história clínica do paciente e um exame simples de urina (leia: EXAME DE URINA | Entenda seus resultados ). O médico também costuma fazer testes como pedir para o paciente tossir ou fazer força com abdômen para identificar visualmente o vazamento de urina.

O teste de urodinâmica também pode ser usado para avaliação da incontinência. O exame é feito com a inserção de um cateter pela uretra e a medição da pressão da bexiga com diferentes volumes de líquido. Deste modo é possível saber se a bexiga suporta volumes de normais de urina.

Uma ultrassonografia da bexiga também pode ser usada para avaliar se há sinais de obstrução e se a bexiga consegue esvaziar-se por completo.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.