Illness name: vitiligo

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Índice
1. O que é vitiligo?
2. O que é a melanina?
3. Como surge
4. Sintomas
5. Tratamento
6. Referências

O que é vitiligo?

O vitiligo é uma doença de origem imunológica que acomete cerca de 1% da população mundial e causa progressiva despigmentação da pele.

A doença atinge todas as etnias, mas ela é clinicamente mais evidente nas pessoas de pele mais escura, pois o contraste entre as áreas pigmentadas e não pigmentadas é maior.

O vitiligo surge por disfunção dos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção da melanina.

O que é a melanina?

Os melanócitos são as células que produzem melanina, pigmento que dá cor à nossa pele e nos protege da radiação solar.

Quando pegamos sol ficamos com a pele mais escura devido a um aumento da produção de melanina estimulado pelos raios UV-A e UV-B. Quanto mais escura é a pele, maior é a proteção quanto aos efeitos nocivos da radiação solar.

A melanina também é responsável pela cor dos cabelos e olhos. Afrodescendentes apresentam a pele e os cabelos mais escuros porque produzem muita melanina; caucasianos têm pele e cabelos mais claros pois produzem menos melanina. Albinos têm pele e cabelos muito claros, pois não produzem melanina alguma.

Quando os melanócitos sofrem mutação e se transformam em células malignas surge o melanoma, um dos tipos mais agressivos de câncer de pele (leia: MELANOMA | Câncer de pele ).

Como surge

As causas do vitiligo ainda não estão bem esclarecidas. Fatores genéticos parecem ser importantes, já que 20 a 30% dos pacientes com vitiligo têm história familiar positiva para a doença.

Como surge o vitiligo

Atualmente acredita-se que a doença tenha uma origem autoimune na qual há uma produção inapropriada de anticorpos e linfócitos T (um tipo de glóbulo branco) contra os melanócitos.

Se você não entende bem o conceito de doença autoimune, sugerimos a leitura do nosso texto: DOENÇA AUTOIMUNE .

Corroborando com a teoria da doença autoimune, além da produção de auto-anticorpos contra o melanócitos, pacientes com vitiligo apresentam uma incidência maior de outras doenças autoimunes, tais como:

  • Tireoidite de Hashimoto .
  • Doença de Graves .
  • Diabetes Mellitus tipo I .
  • Lúpus .
  • Psoríase .

Entretanto, é importante destacar que alguns pacientes com vitiligo não apresentam história familiar positiva nem outras doenças autoimunes associadas.

Independente da causa, o fato é que a doença surge devido à destruição dos melanócitos. Quando se realiza biópsia em uma área afetada da pele é possível verificar uma ausência destas células responsáveis pela produção de melanina, pigmento natural da pele.

Sintomas

O vitiligo pode surgir em qualquer idade, porém o seu pico de incidência ocorre durante a segunda e terceira décadas de vida.

O vitiligo vulgar é subtipo mais comum e costuma causar placas de despigmentação difusas pelo corpo. Os locais mais acometidos incluem braços, mãos, pés, joelhos, umbigo, lábios e ao redor da boca, olho, nariz e genitálias.

As lesões do vitiligo são mais aparentes em pessoas com pele mais escura e se apresentam como manchas claras, em placas, onde é muito fácil delimitar a pele sadia da pele acometida. As lesões são geralmente simétricas acometendo o corpo bilateralmente. Em alguns casos, porém, o vitiligo pode ficar restrito a apenas uma metade do corpo.

O vitiligo também pode causar despigmentação de mucosas como gengivas e perda da cor de pelos e cabelos.

O vitiligo é uma doença progressiva que apresenta novas despigmentações ao longo do tempo. Todavia, alguns casos não evoluem e até 10% dos pacientes apresentam repigmentação espontânea das lesões.

Vitiligo nas mãos e braços

É impossível saber de antemão como evoluirá o vitiligo em cada paciente individualmente. O quadro clínico é extremamente imprevisível, podendo variar desde poucas e pequenas lesões restritas a uma região até um vitiligo universal onde mais de 50% do corpo é acometido.

Tratamento

Em pacientes com vitiligo focal, restrito a pequenas áreas do corpo, ou naquelas que já possuem pele muito clara, o uso de maquiagem para camuflar as lesões e o protetor solar para impedir o bronzeamento das áreas sadias, evitando o aumento do contraste, costumam ser soluções satisfatórias.

Já nos pacientes com pele mais morena e com lesões disseminadas, principalmente na face, o tratamento com remédios visando a repigmentação é indicado. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhor; todavia, a resposta costuma variar muito de caso a caso.

O uso de pomadas de corticoides (leia: PREDNISONA E CORTICOIDES | Indicações e efeitos colaterais ) costuma ser a primeira opção para pacientes com despigmentação em menos de 10% da superfície corporal. São precisos no mínimo três meses de tratamento para se notar algum resultado. Os corticoides tópicos apresentam como efeito colateral uma possível atrofia da pele, devendo o paciente ser avaliado por dermatologista a cada quatro semanas.

Uma opção aos corticoides é o tacrolimus ou o pimecrolimus tópico; porém, ainda está em investigação uma possível relação entre o uso destas duas drogas com um aumento da incidência de linfoma (leia: LINFOMA HODGKIN | LINFOMA NÃO HODGKIN | Sintomas e prognóstico ).

A fotoquimioterapia com componentes psoralênicos (substâncias capazes de aumentar a sensibilidade da pele aos raios ultravioletas) e subsequente exposição à radiação UV-A é comumente denominado “PUVA terapia”. Atualmente existe também a opção do uso de radiação com raios UV-B em vez de raios UV-A, não havendo necessidade de sensibilização da pele com psoralênicos. Este tratamento é feito geralmente duas a três vezes por semana por um período de 6 a 12 a meses. Os melhores resultados ocorrem naqueles com vitiligo em menos de 20% do corpo.

O uso de terapia a Laser é uma outra opção, porém é cara e só pode ser usada em pequenas áreas.

O enxerto ou transplantes de melanócitos é uma opção nos paciente que apresentam doença estável por pelo menos dois anos. Este tratamento funciona melhor nos casos de vitiligo com acometimento unilateral.

A despigmentação total com hidroquinona é a última alternativa e costuma ser indicada nos casos mais graves, com acometimento de mais de 50% do corpo e ausência de resposta aos outros tratamentos. A despigmentação é permanente e deixa o paciente muito vulnerável aos efeitos maléficos dos raios solares.


Referências

  • Guideline for the diagnosis and management of vitiligo – The British journal of dermatology.
  • Guidelines for the management of vitiligo: the EuropeanDermatology Forum consensus – The British journal of dermatology.
  • Vitiligo: Pathogenesis, clinical features, and diagnosis – UpToDate.
  • Vitiligo: Management and prognosis – UpToDate.
  • Lebwohl MG, et al. Vitiligo. In: Treatment of Skin Disease: Comprehensive Therapeutic Strategies. 4th ed. Philadelphia, Pa.: Elsevier; 2014.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.