Illness name: ascaris lumbricoides

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Índice
1. O que é ascaridíase?
2. Como se pega o Ascaris lumbricoides?
3. Ciclo de vida do parasito
4. Sintomas
4.1. Manifestações pulmonares
4.2. Manifestações gastrointestinais
5. Diagnóstico
6. Tratamento
7. Ascaris suum (ascaridíase dos porcos)
8. Referências

O que é ascaridíase?

A ascaridíase é uma parasitose intestinal causada pelo helminto Ascaris lumbricoides .

O Ascaris lumbricoides , popularmente conhecido como lombriga , é um nematódeo (nematelminto), um verme de cor clara, corpo cilíndrico e extremidades mais finas, que costuma ter entre 15 e 30 cm de comprimento.

Estimativas sugerem que, em todo o mundo, mais de 1 bilhão de pessoas estejam contaminadas pelo Ascaris lumbricoides , mas boa parte delas desconhece tal fato, pois não apresentam sintomas relevantes.

A infecção pelo Ascaris lumbricoides ocorre em todo mundo, mas ela é mais prevalente em países de clima quente e com deficiente condições de saneamento básico. A ascaridíase pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum nas crianças entre 2 e 10 anos.

A maioria dos indivíduos infectados não apresenta sintomas, a não ser que os intestinos estejam infestados com centenas de vermes.

Existe outro tipo de ascaridíase, bem menos comum, provocada pelo Ascaris suum , que é a espécie de áscaris que provoca ascaridíase nos porcos. Eventualmente, o Ascaris suum também pode contaminar humanos.

Abordaremos o Ascaris suum no final do artigo.

Como se pega o Ascaris lumbricoides ?

Um individuo contaminado pelo verme elimina diariamente milhares de ovos de Ascaris pelas fezes. Em locais sem saneamento básico adequado, estas fezes contaminam solos e água. A transmissão do áscaris ocorre quando uma pessoa sadia ingere acidentalmente estes ovos presentes no ambiente.

Crianças costumam se infectar ao brincar em solos contaminados. As mãos sujas podem levar os ovos diretamente para a boca ou contaminar brinquedos e objetos que entrarão, posteriormente, em contato com a boca de outras crianças. Já os adultos, geralmente, se infectam ao ingerir água ou alimentos contaminados.

Uma vez no ambiente, os ovos de Ascaris são muito resistentes, podendo permanecer viáveis por vários anos, caso encontrem condições adequadas de umidade e temperatura. Filtragem da água, cozimento de alimentos e lavagem adequada de frutas e verduras cruas são suficientes para eliminar os ovos e impedir contaminações de novos indivíduos.

Uma infecção prévia pelo Ascaris não garante imunidade, sendo perfeitamente possível uma mesma pessoa desenvolver a parasitose várias vezes ao longo da vida.

Ciclo de vida do parasito

Os ovos eliminados nas fezes contêm embriões de Ascaris em seu interior. Após alguns dias em um ambiente propício, ainda dentro do ovo, o embrião transforma-se em larva, que, após passar por 2 mudas, torna-se apta a infectar quem a ingerir.

Portanto, o ovo do áscaris só consegue infectar o ser humano se contiver larvas maduras em seu interior, chamadas larvas L3, processo que leva de 2 a 4 semanas para ocorrer. Se as larvas dentro do ovo ainda estiverem em fase L1 ou L2, o verme não é capaz de sobreviver no trato digestivo, sendo improvável a contaminação de quem o ingeriu.

Os ovos infectantes ingeridos liberam as larvas L3 no duodeno, primeira parte do intestino delgado. Após tornarem-se livres, as larvas L3 atravessam a parede do intestino delgado e alcançam a corrente sanguínea, onde, dentro de 4 a 5 dias, migrarão para figado, coração e, finalmente, pulmões.

Nos pulmões, as larvas L3 sofrem mais 2 mudas ao longo de 10 dias e transformam-se em larvas L5. Após estarem maduras, as larvam migram para o sistema respiratório superior, até próximo à cavidade oral, podendo ser expelidas pela boca através da tosse ou deglutidas, voltando para o sistema digestivo. Novamente no intestino delgado, a larva L5 sofre sua última muda, tornando-se um verme adulto.

Um verme adulto costuma viver de 1 a 2 anos no trato gastrointestinal. Os Ascaris adultos não se multiplicam dentro dos intestinos. Os ovos das fêmeas precisam ser eliminados no ambiente para desenvolverem larvas viáveis. Por isso, o número de vermes em uma pessoa só aumenta se ela ingerir novos ovos ao longo da sua vida. Caso não haja nova contaminação, após 2 anos, todos os vermes morrem e o paciente deixa de estar contaminado.

Sintomas

Na maioria dos casos, a infecção pelo Ascaris lumbricoides é assintomática. Todavia, pacientes com número elevado de vermes em seu trato gastrointestinal podem apresentar sintomas na fase de migração da larva ou durante a fase adulta do verme.

As manifestações clínicas mais comuns da ascaridíase são:

Manifestações pulmonares

Um quadro inflamatório dos pulmões (pneumonite) durante a breve passagem das larvas pelo sistema respiratório é bastante comum. Manifestações, como tosse seca, bronquite, febre e dor torácica são chamadas de síndrome de Loeffler. No hemograma , o aumento do número de eosinófilos é típico desta síndrome.

Durante os episódios de tosse, é possível que o paciente expila uma ou mais larvas de áscaris pela boca.

Manifestações gastrointestinais

Os sintomas da ascaridíase relacionados ao sistema gastrointestinal são:

  • Dor abdominal .
  • Náuseas.
  • Vômitos.
  • Diarreia .
  • Distensão abdominal .
  • Perda de peso.

Crianças contaminadas podem apresentar desnutrição e atraso no crescimento, devido à redução na absorção de nutrientes importantes pelo intestino. Eliminação de vermes adultos nas fezes também pode ocorrer.

Em casos de grande infestação de vermes, um “bolo” de áscaris pode causar obstrução intestinal, sendo necessária intervenção cirúrgica ou endoscópica para a remoção dos vermes.

Diagnóstico

O diagnóstico da ascaridíase é habitualmente feito através da identificação de ovos de Ascaris lumbricoides nas fezes. O problema do exame parasitológico de fezes é que os primeiros ovos só aparecem nas fezes cerca de 40 dias depois do paciente ter se contaminado. Portanto, em fases precoces, como durante a infecção pulmonar, o exame de fezes costuma ser negativo.

Em casos de eliminação do verme pela boca ou fezes, o mesmo deve ser recolhido e levado para reconhecimento do médico.

Tratamento

Vários fármacos podem ser usados no tratamento da ascaridíase, as opções mais comuns são:

  • Albendazol 400 mg em dose única.
  • Mebendazol 100 mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos.
  • Levamisol 150 mg, em dose única.

No caso de obstrução intestinal pelo áscaris, o tratamento deve ser feito com Piperazina, 50 a 100 mg/kg/dia + óleo mineral, 40 a 60 ml/dia por 2 dias.

As drogas citadas acima são mais eficazes contra vermes adultos do que contra larvas. Por isso, após 3 meses, o paciente deve ser novamente testado para ascaridíase. Se for positivo, um novo tratamento deve ser indicado.

É importante testar também pessoas que moram na mesma residência, já que a contaminação de membros da família é muito comum.

Ascaris suum (ascaridíase dos porcos)

O parasito Ascaris suum adulto vive no intestino do porco e produz ovos que são eliminados nas fezes. Esses ovos são depositados no solo onde quer que o porco defeque.

A infecção por Ascaris suum é causada pela ingestão acidental desses ovos infectantes. Isso acontece quando:

  • As pessoas não lavam bem as mãos depois de manusear porcos, limpar currais ou manusear estrume de porco.
  • As pessoas consomem frutas ou vegetais cultivados em jardins fertilizados com esterco de porco, ou em solo onde os porcos foram criados anteriormente.

O Ascaris suum não é transmitido às pessoas pela ingestão de carne de porco ou produtos de porco porque os ovos do parasito não são encontrados na carne.

Os sintomas, formas de diagnóstico e tratamento são semelhantes para o Ascaris suum e o Ascaris lumbricoides .


Referências

  • Doenças infecciosas e parasitárias – guia de bolso 8a edição revista – Ministério da Saúde.
  • Parasites – Ascariasis – Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
  • Ascariasis – Daniela F. de Lima Corvino; Shawn Horrall – National Center for Biotechnology Information.
  • Ascariasis – Medscape.
  • Ascariasis – UpToDate.
  • Ascariasis from pigs FAQs – Centers for Disease Control and Prevention (CDC).

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.