Illness name: percevejos de cama
Description:
O que é o percevejo de cama?
O percevejo de cama é um minúsculo inseto parasita, de formato oval e cor acastanhada, que se alimenta exclusivamente de sangue de seres humanos ou de animais domésticos.
Por serem muito pequenos, terem hábitos noturnos e se esconderem nos colchões das camas, eles podem passar despercebidos por muito tempo, já que sua picada pode ser facilmente confundida com as de mosquitos ou pulgas.
Existem diversos tipos de percevejo de cama, mas as espécies que mais afetam os seres humanos são a Cimex lectularius e a Cimex hemipterus.
Esses percevejos são encontrados em todo o mundo e podem infestar qualquer local no qual as pessoas possam descansar. Eles tendem a ser mais comuns em prédios de apartamentos ou qualquer tipo de instalação que receba múltiplas pessoas, tais como abrigos para sem-tetos, dormitórios, hotéis, transportes públicos ou locais de entretenimento, como cinemas ou teatros.
O percevejo de cama é um inseto bem pequeno, do tamanho de uma semente de maçã, com cerca de 5 a 7 mm de comprimento. O seu formato é habitualmente oval e achatado, mas torna-se mais cilíndrico logo após ele se alimentar com o sangue do hospedeiro.
Os percevejos de cama são insetos que se alimentam do sangue de animais de sangue quente, incluindo humanos; eles são atraídos pelo calor e pelo dióxido de carbono produzido pelo nosso corpo. As picadas são mais comuns à noite, quando a pessoa está dormindo ou parada por muito tempo.
Os percevejos raramente habitam a superfície superior das camas ou das cadeiras. Em vez disso, eles se escondem em rachaduras ou fendas de colchões e almofadas, estrados, dobras das cortinas, carpetes, rodapés ou atrás de papéis de parede ou pinturas descascadas.
Nesses esconderijos, as fêmeas costumam depositar seus ovos, que eclodem após 4 a 10 dias. À medida que a infestação progride, os percevejos se espalham para outros cantos do quarto, bem como para os quartos adjacentes.
Os percevejos são insetos resistentes, que podem sobreviver a temperaturas entre -10ºC e 45ºC e conseguem ficar até um ano sem se alimentar. Eles não têm preferência por ambientes limpos ou sujos. Tudo o que eles precisam é de um esconderijo e um hospedeiro de sangue quente. Ter percevejos de cama, portanto, não é necessariamente sinal de má higiene pessoal ou da casa.
Sintomas
Os percevejos geralmente causam uma série de picadas seguidas e costumam preferir áreas expostas da pele, como face, pescoço, braços e mãos. As costas também são uma área comum.
Uma refeição completa de sangue dura aproximadamente 5 a 10 minutos e costuma passar despercebida pelo hospedeiro. Somente após algum tempo, geralmente na manhã seguinte, é que as lesões começam a coçar, e a pessoa se dá conta de ter sido picada.
Ocasionalmente, a reação à picada de percevejo pode demorar até 10 dias para surgir, o que torna o diagnóstico bastante difícil, principalmente se paciente tiver sido picado fora de casa.
As reações às picadas dos percevejos variam, algumas pessoas têm poucos ou nenhum sintoma, enquanto outras experimentam uma reação mais intensa, com bastante coceira.
As picadas costumam ser múltiplas, pequenas (2 a 5 mm) e avermelhadas, com um ponto mais escuro ou avermelhado no centro. Picadas múltiplas que formam uma linha ou em padrão de ziguezague são típicas, mas nem sempre estão presentes.
Sem tratamento, as lesões costumam levar de três a seis semanas para desaparecer. Se houver uma infestação de percevejos, o paciente pode chagar a ter dezenas de picadas pelo corpo.
Apesar do percevejo de cama não transmitir nenhuma doença, as picadas podem causar grandes transtornos, principalmente de origem psicológica. As pessoas que vivem em locais infestados por percevejos costumam experimentar níveis significativos de estresse e ansiedade, gerados pela coceira e pelo fato de saberem que há insetos em suas camas que irão picar durante a noite.
Sinais da presença de percevejos de colchão
Nem sempre é fácil distinguir as picadas dos percevejos daquelas de mosquitos, pulgas ou escabiose . Algumas pistas, porém costumam estar presentes. São elas:
- Picadas que surgem sempre quando o paciente acorda e demoram muitos dias para desaparecer.
- Picadas múltiplas formando uma linha, faixa ou ziguezague
- Pontos de sangue pela cama, que podem ocorrer quando os percevejos são acidentalmente esmagados pelo peso do corpo do paciente logo após terem se alimentado.
- Cheiro desagradável de mofo pelo quarto, que são produzidos pelos insetos.
- Pequenas manchas pretas em seu colchão, provocadas por fezes do percevejo (como na foto anterior).
- Cascas de pele do inseto pela cama, que são deixadas para trás à medida que os percevejos crescem.
Obviamente, se você vir o percevejo em algum ponto do seu quarto, o diagnóstico está feito, mesmo que você não tenha lesões de pele relevantes.
Tratamento das picadas
As picadas de percevejo resolvem-se espontaneamente, mesmo sem tratamento. No entanto, se o prurido for significativo, corticosteroides tópicos de baixa potência, como a triancinolona 0,1%, e/ou anti-histamínicos por via oral costumam aliviar os sintomas. Esses tratamentos, porém, são apenas sintomáticos. Se não houver controle da infestação, novas picadas vão continuar surgindo.
Os pacientes devem manter uma boa higiene e evitar coçar excessivamente as lesões para que estas não se contaminem com bactérias da pele.
Como eliminar o percevejo de cama
A forma mais eficaz de eliminar o percevejo é através de ajuda profissional, com equipes de controle de pragas. A erradicação desse inseto é bem difícil e você deve resistir à tentação de querer tentar resolver o problema sozinho. Não tente aplicar pesticidas ou outras medidas de controle químico por conta própria. A eliminação de percevejos requer profissionais treinados e experientes.
Algumas medidas, porém, podem ajudar a reduzir a infestação enquanto a equipe profissional não chega:
- Lave as roupas de cama, lençóis, cortinas e roupas pessoais em água quente por pelo menos 20-30 minutos
- Seque as roupas e os lençóis na secadora com temperatura máxima (percevejos costumam morrer em temperaturas acima de 50ºC)
- Coloque bichos de pelúcia, sapatos e outros itens que não possam ser lavados na secadora e ligue em temperatura alta por cerca de 30 minutos.
- Use uma escova com cerdas duras para esfregar as costuras do colchão e remover os percevejos e seus ovos.
- Aspire a cama e áreas ao redor com freqüência. Após a aspiração, coloque imediatamente o saco do aspirador em um saco de plástico e coloque-o no lixo ao ar livre.
- Se possível, limpe bem o colchão com vapor quente.
- Após a limpeza, forre o colchão com uma capa com zíper para evitar que os percevejos (ou os ovos) que possam ter permanecidos escapem. Como os percevejos podem viver até um ano sem se alimentar, mantenha essa cobertura por mais de 12 meses.
- Procure ativamente pelos percevejos nas costuras e embaixo dos colchões, atrás das cabeceiras, em frestas e nas rachaduras do estrado.
- Desfaça-se de itens desnecessários que possam abrigar os insetos, tais como móveis ou roupas de cama velhas.
- Se você suspeitar que os percevejos possam ter sido trazidos para casa após alguma viagem, procure bem dentro das malas e tente mantê-las fora de casa. Nunca guarde malas de viagem perto da sua cama.
Medidas que NÃO são eficazes contra os percevejos:
- Dormir de luz acesa.
- Utilizar repelentes para mosquitos ou outros insetos.
- Utilizar inseticidas que não são específicos para percevejos.
- Utilizar essências aromáticas ou outros produtos feitos em casa à base de produtos naturais.
- Não enrole roupas em sacos plásticos e coloque ao sol. É pouco provável que a temperatura fique quente o suficiente para matar todos os insetos.
Referências
- Bed Bugs – Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
- Bed Bugs: Get Them Out and Keep Them Out – United States Environmental Protection Agency.
- Bedbug Infestation – American Family Physician.
- Stop Bed Bugs Safely – The New York City Department of Heath and Mental Hygiene.
- Bedbugs – UpToDate.
Autor(es)
Dr. Pedro Pinheiro
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.