Illness name: sarampo

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Índice
1. O que é o sarampo?
2. Epidemiologia
3. Transmissão
4. Sintomas
5. Fotos
6. Tratamento
7. Prevenção e vacina
8. Referências

O que é o sarampo?

O sarampo é uma doença infecciosa de origem viral capaz de provocar diversos sintomas, tais como manchas avermelhadas pelo corpo, febre, tosse, faringite, conjuntivite, etc.

O sarampo é potencialmente fatal e extremamente contagioso. A taxa de transmissão para pessoas não vacinadas chega a ser de até 90%. Não ser vacinado e ter contato com alguém infectado pelo vírus é praticamente certeza de ser contaminado.

Epidemiologia

Antes da vacina, o sarampo chegava a acometer até 90% das crianças até os 5 anos. Atualmente, porém, o sarampo é uma infecção pouco comum na maioria dos países, tendo sido praticamente erradicado do Brasil desde o ano 2000.

Infelizmente, campanhas obscurantistas anti-vacinação e falta de esclarecimento para população por parte dos órgãos governamentais têm sido responsáveis pelo reaparecimento de surtos de sarampo em diversos países do mundo, incluindo vários da Europa, Japão, Estados Unidos e Brasil.

A partir de 2016, vários estados do Brasil apresentaram queda na cobertura vacinal e novos surtos de sarampo voltaram a ser identificados no país depois de muitos anos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que pelo menos 95% das crianças sejam vacinadas contra o sarampo como forma de proteger a população contra a ocorrência de surtos. No Brasil, porém, desde 2016 as taxas de vacinação têm caído e vários estados estão bem abaixo de 85% de cobertura, cenário que contribuiu de forma inequívoca para o ressurgimento de surtos, principalmente nas fronteiras com a Venezuela.

De Janeiro de 2018 a Julho de 2019, foram registrados mais de 11 mil casos, incluindo 12 mortes em todo Brasil. Os estados mais acometidos foram Amazonas e Roraima.

Transmissão

O sarampo é uma doença causada por um vírus chamado Vírus do sarampo , que pertencente ao gênero Morbillivirus , família Paramyxoviridae . O vírus do sarampo é extremamente contagioso e costuma ser transmitido diretamente de uma pessoa para outra através de secreções das vias respiratórias, como aquelas eliminadas na tosse, espirros ou mesmo durante a fala. O ser humano é a única fonte de transmissão da doença.

Gotículas infecciosas a partir de secreções respiratórias de um paciente com sarampo podem permanecer no ar durante várias horas. Portanto, um contato direto com alguém infectado pode não ser necessário para a transmissão do vírus. O sarampo pode ser transmitido em hospitais e consultórios médicos, entre passageiros do avião durante o voo e também em escolas e comunidades densamente povoadas.

O período de incubação do sarampo é de 6 a 19 dias (média de 13 dias). O período de contágio ocorre entre 5 dias antes do aparecimento das erupções da pele até 4 dias depois. O pico do contágio ocorre 2 dias antes e 2 dias após o início das lesões de pele.

Até 90% dos indivíduos não vacinados que são expostos a pacientes contaminados com vírus irão se contaminar e desenvolver sintomas.

Ao contrário do que ocorre em várias outras viroses comuns da infância, tais como rubéola e caxumba, o sarampo não costuma causar casos leves, com sintomas brandos e inespecíficos, que possam passar despercebidos. Quem tem sarampo, o tem de verdade, com direito a todos os sintomas clássicos e risco de morte.

Sintomas

O sarampo se manifesta inicialmente como uma infecção viral inespecífica, com febre alta, mal estar, coriza, tosse, perda do apetite, dor de garganta e conjuntivite. Essa fase inicial da doença chama-se pródromo e dura de 2 a 3 dias.

Na transição da fase prodrômica para a fase de sintomas clássicos do sarampo começam a surgir pequenos pontos brancos na mucosa da boca, próximo aos dentes molares, que recebem o nome de manchas de Koplik. Estas manchas surgem geralmente 48 horas antes do aparecimento do exantema clássico do sarampo.

As erupções de pele típicas do sarampo (exantema do sarampo) são machas avermelhadas, com discreto relevo, que surgem inicialmente no rosto e se espalham para o resto do corpo de forma descendente. As lesões podem ser abundantes, sofrendo fusão, de forma a criar grandes manchas avermelhadas.

Em geral, a extensão e o grau de confluência do exantema se correlacionam com a gravidade da doença. Palmas das mãos e plantas dos pé raramente são envolvidos.

Outros achados característicos durante a fase exantemática incluem linfadenopatia (aumento dos linfonodos), febre alta (às vezes acima de 40ºC), faringite e conjuntivite. Tosse também é comum e pode persistir por até 2 semanas.

Durante o período exantemático, o paciente fica com o sistema imunológico comprometido, sendo um alvo fácil para outras infecções de origem bacteriana ou viral.

48 horas após o aparecimento da erupção cutânea, o paciente começa a melhorar. Com três a quatro dias, a erupção escurece, ficando acastanhada, e depois começa a descamar e sumir. A erupção geralmente dura um total de seis a sete dias. A febre costuma sumir quando o exantema começa a aliviar.

Uma febre que dura mais de 3 ou 4 dias após o início das erupções pode ser sinal de uma complicação em curso, como pneumonia, diarreia, otite ou encefalite (inflamação do cérebro). A pneumonia e a encefalite são as complicações mais perigosas do sarampo.

O diagnóstico do sarampo é feito através dos achados clínicos e da sorologia sanguínea (pesquisa por anticorpos). O anticorpo do tipo IgM contra sarampo fica positivo a partir do terceiro dia de exantema e desaparece após 30 dias. O anticorpo tipo IgG surge no sétimo dia de exantema e fica positivo para o resto da vida.

Fotos

Abaixo, seguem imagens do exantema típico do sarampo.

Tratamento

Uma vez que os sintomas do sarampo já tenham surgidos, não há tratamento específico para a doença. A única coisa a fazer é dar suporte e esperar que a doença se cure sozinha. Nas crianças, a administração de vitamina A parece reduzir a incidência de casos graves.

A febre pode ser controlada com antipiréticos comuns, como Paracetamol . Não se deve usar nunca a aspirina (AAS) no sarampo, devido ao risco de síndrome de Reye, uma doença rara, mas com alta mortalidade, caraterizada por edema cerebral e lesão do fígado.

Antibióticos só têm valor se houver alguma infecção bacteriana complicando o quadro de sarampo.

Prevenção e vacina

Como não há tratamento efetivo durante a fase de sintomas, o controle do sarampo deve ser voltado para a prevenção. Nas últimas décadas, devido a ampla cobertura vacinal na maioria dos países, o sarampo de tornou uma doença pouco comum.

A vacina contra sarampo é feita com vírus vivo atenuado e faz parte do calendário vacinal nacional (leia: CALENDÁRIO VACINAL ).

Como já referido no início do artigo, nos últimos 10 anos houve uma queda nas taxas de vacinação em vários países do mundo, o que tem sido responsável pelo surgimento de surtos de sarampo e tem dificultado a sua erradicação completa. Só nos primeiros meses de 2017 já foram reportados mais de 1500 casos de sarampo na Europa.

Como ocorre com a maioria das vacinas, a vacina do sarampo deve ser administrada antes do paciente ter qualquer contato com o vírus, de preferência durante o primeiro ano de vida.

Porém, como o período de incubação do sarampo pode chegar a 19 dias, uma pessoa nunca imunizada, que tenha tido contato com alguém contaminado, pode ser vacinada, contanto que não ultrapasse o limite de 72 horas após a exposição ao vírus. Esta forma de vacinação não é a ideal, mas costuma ser efetiva em muitos casos.

Outra forma de prevenção para pessoas expostas ao vírus do sarampo é a administração de imunoglobulina.

Pacientes com elevado risco de complicação, como imunossuprimidos, grávidas e crianças com menos de 1 ano ainda não vacinadas podem fazer uso da imunoglobulina caso venham a ter contato com pessoas contaminadas. Esta medicação deve ser administrada dentro dos primeiros 6 dias de exposição ao vírus.


Referências

  • Epidemiological Update Measles – Pan American Health Organization (PAHO).
  • Weekly epidemiological record – World Health Organization (WHO).
  • Measles (Rubeola) – National Center for Immunization and Respiratory Diseases, Division of Viral Diseases.
  • Measles: Clinical manifestations, diagnosis, treatment, and prevention – UpToDate.
  • Measles, mumps, and rubella immunization in adults – UpToDate.
  • Measles: Epidemiology and transmission – UpToDate.
  • Goldman L, et al., eds. Measles. In: Goldman-Cecil Medicine. 25th ed. Philadelphia, Pa.: Saunders Elsevier; 2016.
  • Kliegman RM, et al. Measles. In: Nelson Textbook of Pediatrics. 20th ed. Philadelphia, Pa.: Elsevier; 2016.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.