Illness name: sindrome do tunel do carpo
Description:
O que é a síndrome do túnel do carpo?
A síndrome do túnel do carpo, também chamada síndrome do túnel carpal, é uma doença causada pela compressão do nervo mediano, responsável pela inervação da região externa da mão.
Carpus é uma palavra derivada do grego que significa punho. O túnel do carpo é uma espécie de túnel ou canal na região do punho com o diâmetro aproximado de um dedo polegar. Seu assoalho são os ossos do punho e seu teto é o ligamento carpal transverso.
Dentro do túnel do carpo passam os 9 tendões responsáveis pelos movimentos dos dedos e o nervo mediano, responsável pela inervação da parte externa das mãos, como demonstrado na imagem abaixo.
Qualquer alteração que cause uma diminuição do espaço dentro do túnel do carpo pode levar à compressão do nervo mediano causando os sintomas típicos da síndrome do túnel do carpo.
Na maioria das vezes essa compressão do nervo mediano se dá por inflamação e inchaço das estruturas no interior do túnel carpal, como os tendões. Acúmulo de substâncias como proteínas ou sangue também causam aumento da pressão dentro do túnel.
Fatores de risco
A síndrome do túnel do carpo é uma condição razoavelmente comum, acometendo cerca de 1 a 5% da população. A doença é mais comum em mulheres, principalmente nas obesas.
Conhecemos vários fatores de risco para a síndrome, porém em muitos casos não conseguimos identificar a causa exata. Sabemos que trabalhos que requerem movimentos repetitivos, que induzem flexões e/ou extensões prolongadas ou que imponham pressão sobre mãos e punhos, aumentam o risco de inchaço dos tendões favorecendo o pinçamento do nervo mediano.
Ao contrário do que se imagina, trabalhar com computador por várias horas não parece estar associado a um maior risco de desenvolvimento da síndrome do túnel do carpo. Os trabalhos até o momento mostram que o risco para quem usa computador por até 7 horas por dia não é maior que o da população em geral.
Além da inflamação mecânica causado por movimentos repetidos do punho, uma série de doenças e condições podem aumentar o risco da síndrome do túnel do carpo, mesmo em pessoas que não realizam trabalhos que exijam movimentos constantes dos braços, mãos ou punhos.
Os principais fatores de risco para síndrome do túnel do carpo são:
- Obesidade .
- Gravidez .
- Diabetes .
- Artrite reumatoide .
- Fratura do punho.
- Hipotireoidismo .
- Lúpus .
- Predisposição genética.
- Alcoolismo .
- Fármacos inibidores da aromatase (usada no tratamento do câncer de mama ou ovário).
- Leucemia .
- Amiloidose.
- Sarcoidose.
- Mieloma múltiplo .
Os fatores listados acima aumentam o risco da síndrome do túnel do carpo, mas a doença pode surgir mesmo em quem não tem nenhum desses fatores.
Sintomas
Como a síndrome do túnel do carpo é causada pela compressão e sofrimento do nervo mediano, seus sintomas clássicos são a dor e a parestesia (formigamento e perda da sensibilidade) localizadas na região da mão inervada por este nervo (veja novamente a ilustração no início do texto).
Os sintomas costumam ser piores à noite e frequentemente acordam o paciente.
A dor pode ser agravada pela extensão ou flexão dos punhos. Atividades como conduzir veículos, ler, digitar ou segurar o telefone podem ser suficientes para desencadear a dor.
Em até 65% dos casos, a síndrome do túnel do carpo acomete os punhos bilateralmente, todavia o mais comum é que um dos punhos seja mais sintomático que o outro.
Se não tratado, o quadro costuma piorar com o tempo, podendo levar a alterações motoras, como fraqueza para movimentar os dedos. O paciente pode tornar-se incapaz de segurar objetos.
Diagnóstico
Dois simples testes ao exame físico ajudam no diagnóstico por desencadearem a dor típica da síndrome do túnel do carpo:
a) A manobra de Phalen consiste na flexão máxima dos punhos realizadas com o dorso das mãos encostados um no outro como na foto acima.
b) O teste de Tinel consiste na percussão do nervo mediano na região do túnel do carpo.
O diagnóstico da síndrome do túnel carpal é geralmente clínico, mas pode ser comprovado por exames de imagem e testes eletrofisiológicos, que servem para avaliar a condução nervosa e a resposta dos músculos ao estímulo nervoso.
Os testes eletrofisiológicos são:
- Estudos de condução nervosa: medem os sinais que viajam nos nervos da sua mão e braço e podem detectar quando um nervo não está conduzindo os sinais efetivamente.
- Eletromiograma (EMG) : mede a atividade elétrica nos músculos. Os resultados do EMG podem mostrar se você tem algum dano nervoso ou muscular.
Em relação aos exames de imagem, a ultrassonografia ou a ressonância magnética nuclear podem mostrar se há sinais de compressão e lesão do nervo mediano.
Tratamento
Imobilização
Em casos leves, a aplicação de gelo local e a imobilização do punho com tala ou uma munhequeira ortopédica podem ser suficientes para reduzir o edema e aliviar os sintomas.
A imobilização do punho em uma posição reta ou neutra reduz a pressão sobre o nervo mediano e impede que o punho se dobre durante a noite, enquanto o paciente dorme. A imobilização deve ser mantida por várias semanas.
Medicamentos
Anti-inflamatórios , como ibuprofeno ou diclofenaco , podem ser usados para aliviar a dor, apesar do seu uso nessa doença ser controverso, uma vez que há dúvidas sobre sua eficácia para além do controle da dor.
A injeção de corticoides no local é uma boa opção nos casos moderados. Os corticoides são um poderoso agente anti-inflamatório que podem ser injetados diretamente no túnel do carpo. O seu efeito, porém, é muitas vezes apenas temporário.
Mudanças de hábitos
Os sintomas do túnel do carpo geralmente surgem quando a mão e o punho ficam na mesma posição por muito tempo, principalmente quando flexionado ou estendido.
Se o seu trabalho ou suas atividades recreativas provocam agravamento dos sintomas, alterar ou modificar a forma como são feitas essas atividades pode ajudar a retardar ou interromper a progressão da doença.
Exercícios de deslizamento do nervo
Alguns pacientes podem se beneficiar de exercícios que ajudam o nervo mediano a se mover mais livremente dentro dos limites do túnel do carpo.
A fisioterapia com profissionais especializados em mão, principalmente através do uso de técnicas de deslizamento de tendões e nervos, auxiliam na redução do edema e reduzem a compressão dentro do túnel do carpo.
Tratamento das causas
Se houver causas identificáveis, como artrite reumatoide ou hipotireoidismo, o tratamento dessas doenças ajuda a melhorar a compressão no túnel.
Cirurgia
A cirurgia para a síndrome do túnel do carpo é indicada nos casos moderados/graves que não melhoram com o tratamento clínico.
O procedimento visa a descompressão do túnel e liberação do nervo mediano através de um corte do ligamento carpal transverso, que pode ser feito por via endoscópica ou por cirurgia tradicional.
Recuperação da cirurgia
Após a cirurgia, você será orientado a elevar a mão acima do coração e movimentar os dedos para reduzir o inchaço e evitar a rigidez.
Dor, inchaço e rigidez são comuns no pós-operatório. Uma leve dor na palma da mão pode durar de várias semanas a vários meses.
A força nas mãos e dedos geralmente retorna cerca de 2 a 3 meses após a cirurgia. Se a lesão do seu nervo mediano era grave antes da cirurgia, a força de preensão e beliscão pode demorar até 12 meses para retornar.
O seu médico ortopedista conversará com você sobre quando retornar ao trabalho e sobre que tipos de restrições você terá em suas atividades do dia a dia.
Referências
- Carpal Tunnel Syndrome – American Academy of Orthopaedic Surgeons.
- Surgical treatment options for carpal tunnel syndrome – Cochrane Database of Systematic Reviews.
- Carpal Tunnel Syndrome Fact Sheet – National Institutes of Health (NIH).
- Carpal tunnel syndrome: Clinical manifestations and diagnosis – UpToDate.
- Carpal tunnel syndrome: Treatment and prognosis – UpToDate.
Autor(es)
Dr. Pedro Pinheiro
Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.