Illness name: corrimento vaginal

Description:

Índice
1. O que é corrimento vaginal?
2. Informações em vídeo
3. Corrimento vaginal normal
4. Corrimento vaginal anormal
4.1. Candidíase
4.2. Gonorreia e Clamídia
4.3. Tricomoníase
4.4. Vaginose bacteriana
4.5. Atrofia vaginal
4.6. Alergias
5. Causas menos comuns
6. Corrimento vaginal de acordo com suas características
6.1. Marrom
6.2. Amarelado
6.3. Branco ou acinzentando
6.4. Com mau cheiro
7. Diagnóstico
8. Tratamento
9. Referências

O que é corrimento vaginal?

Corrimento vaginal é o nome que damos à secreção de fluidos pela vagina, que, dependendo das suas características, pode ser algo completamente normal ou um sinal de doença ginecológica.

As secreções vaginais naturais são produzidas por glândulas no canal vaginal e têm um importante papel na saúde feminina, pois ajudam na eliminação de células mortas e bactérias do sistema reprodutor. Isso mantém a vagina limpa e ajuda a prevenir infecções.

Em geral, corrimentos claros, que não estão associados a outros sintomas, são benignos e não precisam de tratamento. Por outro lado, se o corrimento tiver coloração esverdeada ou amarelada, mau cheiro e estiver associado à dor ou coceira, ele provavelmente é um sinal de uma infecção ginecológica.

Neste artigo abordaremos as principais causas de corrimento vaginal, detalhando os sinais e sintomas que podem indicar uma vaginite ou colpite (inflamação da vagina).

Se você procura informações específicas sobre corrimento vaginal na gravidez, leia: Corrimento na gravidez .

Informações em vídeo

Antes de iniciarmos as explicações, assista a esse curto vídeo produzido pela nossa equipe.

Corrimento vaginal normal

Antes de falarmos sobre o corrimento vaginal fisiológico, isto é, o corrimento vaginal normal, não relacionado a doenças, temos que fazer uma rápida revisão da anatomia ginecológica feminina.

É muito comum a confusão entre vagina e vulva. Quando olhamos para a genitália externa feminina o que vemos é a vulva; da vagina só conseguimos observar o seu orifício externo, pois a vagina propriamente dita é um canal que fica no interior do corpo e termina no colo do útero, como pode ser visto na ilustração abaixo.

O corrimento normalmente se origina na vagina e só se torna perceptível quando sai pelo orifício externo da mesma. Em alguns casos, o corrimento pode ter origem no colo do útero.

Todas as mulheres em idade reprodutiva podem ter um corrimento vaginal normal, chamado corrimento vaginal fisiológico. Este corrimento é formado pela combinação de células mortas da vagina, bactérias naturais da flora vaginal e secreção de muco; costuma ter entre 1 e 4 ml de volume diário e sua função é umedecer, lubrificar e manter a vagina limpa, dificultando o surgimento de infecções.

O corrimento vaginal fisiológico é estimulado pelo estrogênio e, portanto, pode ter seu volume aumentado em períodos nos quais há maior estimulação hormonal, como na gravidez, uso de anticoncepcionais à base de estrogênios, no meio do ciclo menstrual , perto da ovulação ou dias antes da menstruação.

O corrimento vaginal normal geralmente tem as seguintes características: pode ser espesso, aquoso ou elástico; sua cor é branca, leitosa ou transparente; e tem odor muito suave ou nenhum odor.

Uma das dicas mais importantes para identificar um corrimento fisiológico é a ausência de sinais ou sintomas de irritação, como dor, ardência, vermelhidão ou comichão na vagina e/ou vulva. Todavia, é importante salientar que uma discreta irritação na vulva pode ocorrer em algumas mulheres com corrimento fisiológico.

Corrimento vaginal anormal

Leucorreia ou corrimento vaginal patológico é aquele que está relacionado a alguma doença ginecológica. Esse tipo de corrimento pode ter várias causas. As mais comuns são as vaginites, também chamadas de colpites, que é a infecção da vagina, provocada normalmente por bactérias ou fungos. O corrimento também pode surgir por atrofia da mucosa da vagina após a menopausa, alergia a algumas substâncias – como espermicidas – ou pela presença de um corpo estranho na vagina.

Falaremos resumidamente sobre as principais causas de vaginite e corrimento vaginal. Mais detalhes podem ser lidos nos textos específicos para cada uma das doenças descritas abaixo.

Candidíase

A Candida é um fungo que faz parte da flora natural de germes da vagina, pele e intestinos. A Candida vive normalmente na nossa pele e não costuma causar sintomas. Entretanto, sempre que há algum desarranjo nas condições habituais do nosso organismo, como uso excessivo de antibióticos, estresse, doenças como diabetes, imunossupressão, traumas, etc., a Candida pode começar a multiplicar-se excessivamente, passando a causar sintomas.

A candidíase vaginal normalmente se manifesta com prurido (coceira) e/ou ardência na vulva, dor para urinar, dor durante o ato sexual e um corrimento espesso, sem odor forte e esbranquiçado, muitas vezes comparado com queijo cottage.

Para mais sobre o corrimento provocado pela candidíase, leia: Candidíase – Sintomas e tratamento e Tratamento da Candidíase Vaginal .

Gonorreia e Clamídia

A gonorreia e a Clamídia são duas doenças sexualmente transmissíveis (DST) causadas respectivamente pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis . Ambas doenças causam uma cervicite (infecção do colo do útero) e podem cursar com corrimento vaginal, geralmente de aspecto mucopurulento (amarelo turvo). Outros sintomas associados incluem dor para urinar, dor durante o ato sexual, normalmente com sangramento pós-coito e irritação na vulva.

Para mais informações sobre o corrimento provocado pela gonorreia ou clamídia, leia: Gonorreia – Sintomas e tratamento e Clamídia – Sintomas e tratamento .

Tricomoníase

A tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis. A vaginite causada pelo tricomoníase normalmente se apresenta com um corrimento fino, amarelo-esverdeado, de odor desagradável, associado aos outros sinais clássicos de vulvovaginite, como dor ao urinar, irritação da vulva e sangramento/dor durante o coito.

O Trichomonas vaginalis pode permanecer assintomático por muito tempo, tornando difícil saber exatamente quando houve a contaminação.

Para mais informações sobre o corrimento provocado pelo Trichomonas , leia: Tricomoníase – Sintomas e tratamento .

Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana é a principal causa de corrimento vaginal anormal. É uma infecção causada por alterações na flora natural da vagina, que resultam em uma redução no número de lactobacillus (bactérias “boas”) e um excessivo crescimento de bactérias aeróbicas (bactérias “ruins”) como Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis, Prevotella, Porphyromonas, Bacteroides, Peptostreptococcus, Fusobacterium e Atopobium vaginae .

É muito comum se associar a vaginose bacteriana à bactéria Gardnerella vaginalis , porém, esta doença é causada pelo crescimento de múltiplas bactérias, e não só da Gardnerella . O termo vaginose é usado em vez de vaginite neste caso porque há pouca ou nenhuma inflamação da vagina, apenas proliferação bacteriana.

O sintoma típico da vaginose é o corrimento vaginal fino e acinzentado, com odor muito forte, tipo peixe podre. Os outros sintomas de inflamação vulvovaginal, como dor ao urinar, coceira da vulva e dor ao coito são bem menos frequentes, estando na maioria dos casos ausentes.

A proliferação de bactérias e a queda no número de lactobacillus faz com que haja um aumento significativo do pH da vagina, sendo esta uma das dicas para o diagnóstico.

Para mais informações sobre o corrimento provocado pela vaginose, leia: Vaginose bacteriana – Gardnerella vaginalis .

Atrofia vaginal

A atrofia da vagina ocorre geralmente após a menopausa . O estrogênio estimula o corrimento fisiológico, e a sua falta provoca ressecamento e afinamento da mucosa vaginal. Esta atrofia vaginal pode levar à inflamação com corrimento, dor para urinar e incômodo durante o ato sexual .

Alergias

Alergia ao lubrificante da camisinha , a espermicidas, a perfumes, sabonetes ou produtos de higiene íntima, etc., podem causar uma reação alérgica na vagina/vulva, levando ao aparecimento de corrimento.

Causas menos comuns

As causas citadas acima são as mais comuns, mas não são as únicas. Se a mulher tem um corrimento vaginal persistente, que não parece ser fisiológico, e nenhuma das causas comuns for identificada, o ginecologista precisa pensar também nas seguintes hipóteses:

  • Infecção pelo HPV .
  • Herpes genital .
  • Câncer do colo do útero.
  • Alergia ao sêmen (causa rara).
  • Vulvovaginite pela bactéria Streptococcus .
  • Corpo estranho retido dentro da vagina (absorvente interno ou camisinha “perdida”, por exemplo).
  • Infecção pelo verme oxiúrus .
  • Doença inflamatória pélvica .

Corrimento vaginal de acordo com suas características

Marrom

Qualquer situação que provoque algum grau de sangramento vaginal ou uterino pode causar um corrimento acastanhado. As principais causas são:

  • Restos da menstruação misturados ao corrimento fisiológico.
  • Traumas na região vaginal ou uterina.
  • Infecções.
  • Corpo estranho na vagina.
  • Tumores ginecológicos.
  • Sangramento uterino provocado pela implantação do embrião no útero nos primeiros dias de gravidez.
  • Atrofia vaginal.
  • Gravidez ectópica.

Amarelado

O corrimento vaginal amarelado é geralmente sinal de infecção ginecológica, principalmente se acompanhado de mau cheiro, ardência ou coceira vaginal. As principais causas são:

  • Tricomoníase.
  • Gonorreia.
  • Clamídia.

O corrimento fisiológico costuma ser branco e claro, mas ao ser exposto ao ar após contato com a calcinha, ele pode ficar meio amarelado. Portanto, se a mulher não tiver sintoma algum e o corrimento não tiver cheiro, o fato dele ser meio amarelado não necessariamente indica alguma infecção em curso. Na dúvida, o melhor é procurar a sua ginecologista para ela poder  avaliar o corrimento.

Branco ou acinzentando

O corrimento brancacento costuma ser normal, principalmente se for fino, em pequena quantidade e se ocorrer próximo do período ovulatório. Porém, se o corrimento for espesso, pastoso, leitoso, com grumos ou acinzentado, principalmente se estiver associado a sintomas irritativos, como coceira, dor vaginal ou mau cheiro, infecções devem ser investigadas. As principais causas são:

  • Candidíase.
  • Vaginose bacteriana.

Com mau cheiro

Corrimento com mau cheiro é típico de infecção ginecológica. As principais causas são:

  • Vaginose bacteriana (cheiro muito forte).
  • Tricomoníase.

Diagnóstico

Para se distinguir corretamente os tipos de corrimento vaginal, faz-se necessário uma consulta com o médico ginecologista. Através do exame ginecológico é possível notar se há vaginite, cervicite ou apenas corrimento sem sinais de inflamação. Também é possível colher amostras do corrimento para avaliação do pH vaginal, investigação microscópica e cultura.

Tratamento

O tratamento do corrimento depende da causa, variando desde antifúngicos ou antibióticos para as infecções, até cremes de estrogênio para a vaginite atrófica. Não há um tratamento único que sirva para todos os tipos de corrimento.

Se você tem corrimento vaginal, procure seu ginecologista para que a causa seja esclarecida e o tratamento adequado possa ser instituído.


Referências

  • Frequently asked questions. Women’s health: Vulvovaginal health – American College of Obstetricians and Gynecologists.
  • Vaginal discharge – Textbook of Family Medicine – 9th ed. 2016.
  • Vaginal discharge – Mayo Clinic.
  • Vaginal Discharge – Palo Alto Medical Foundation (PAMF).
  • Evaluation of vaginal complaints – JAMA.
  • Approach to women with symptoms of vaginitis – UpToDate.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.