Illness name: blefarite

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Índice
1. O que é blefarite?
2. Como surge
2.1. Blefarite posterior
2.2. Blefarite anterior
3. Fatores de risco
4. Sintomas
5. Diagnóstico
6. Tratamento
6.1. Blefarite com sintomas leve
6.2. Blefarite com sintomas graves
7. Referências

O que é blefarite?

A blefarite é uma doença oftalmológica bastante comum, que se caracteriza por inflamação das margens das pálpebras, onde nascem os cílios.

A blefarite tem como sinais e sintomas mais comuns o inchaço e descamação da pele das pálpebras, coceira ocular e vermelhidão dos olhos.

A descamação da pele costuma provocar uma aparência de caspa nos cílios. Na verdade, não é só pele descamada que fica grudada aos cílios e às bordas das pálpebras, mas também remelas e crostas.

A blefarite afeta pessoas de todas as idades e, embora seja desconfortável, não é contagiosa e não costuma causar danos permanentes à visão.

Apesar de não ser muito conhecida pela população em geral, ela é um dos distúrbios oculares mais comuns encontrados na prática clínica. Uma pesquisa com oftalmologistas e optometristas dos EUA mostrou que entre 37% e 47% dos pacientes atendidos por esses profissionais tinham sinais de blefarite.

Como surge

Nossa pele possui glândulas sebáceas cuja ação é produzir oleosidade de forma constante, de forma a impedir o ressecamento da pele.

Nas pálpebras, essas glândulas sebáceas ficam próximas aos cílios e recebem o nome de glândulas de Zeiss e glândulas de meibomius, como ilustrado abaixo.

A secreção gordurosa (substâncias lipídicas) produzida por essas glândulas faz parte da composição da nossa lágrima e é essencial para a lubrificação adequada dos olhos. O filme lacrimal que está permanente hidratando nosso olhos precisa da oleosidade produzida por essas glândulas para proteger os olhos de forma eficaz.

A blefarite surge quando há disfunção dessas glândulas, geralmente por colonização delas por bactérias ou por alterações na produção de oleosidade.

A blefarite é dividida em dois tipos:

Blefarite posterior

A blefarite posterior é o tipo mais comum. Ela ocorre quando há inflamação da porção interna da pálpebra no nível das glândulas meibomianas.

O quadro se inicia com uma disfunção da glândula de meibomius , que provoca alterações na composição da secreção de lipídios (gordura) da glândula.

Essa alteração da oleosidade provoca instabilidade no filme lacrimal e tem efeito tóxico direito na superfície ocular.

Além disso, a composição lipídica alterada gera um ciclo vicioso, criando um ambiente que promove o crescimento bacteriano, que por sua vez cria inflamação, provoca mais alterações na composição das substâncias lipídicas e perpetua as anormalidades da glândula meibomiana.

A inflamação a longo prazo leva à disfunção crônica da glândula e fibrose, além de danos à pálpebra e à superfície ocular.

As bactérias que compõem flora na blefarite posterior são as mesmas da pele normal, mas estão presentes em maior número. Elas incluem Estafilococos , gêneros de Corynebacterium e Cutibacterium acnes .

Blefarite anterior

A blefarite anterior é menos comum que a posterior e se caracterizada por inflamação na base dos cílios. Os pacientes costumam ser do sexo feminino e tendem a ser mais jovens.

A blefarite anterior pode ser categorizada como do tipo estafilocócico ou seborreico:

  • O tipo estafilocócico é caracterizado por escamas e crostas ao redor dos cílios, provocada pela colonização das pálpebras pela bactéria do gênero Staphylococcus .
  • O tipo seborreico é caracterizado por alterações na pele semelhantes à caspa e escamas oleosas ao redor da base das pálpebras.

O parasito Demodex folliculorum pode ser encontrado em até 30% dos pacientes com blefarite anterior crônica e é também um dos fatores que contribuem para doença.

Fatores de risco

Os fatores que podem provocar ou exacerbar os sintomas da blefarite incluem:

  • Conjuntivite alérgica .
  • Tabagismo .
  • Uso de lentes de contato .
  • Alergia à maquiagem para os olhos.
  • Uso de retinoides.
  • Dermatite seborreica
  • Rosácea .
  • Síndrome do olho seco

Sintomas

Os pacientes com blefarite geralmente apresentam sintomas recorrentes, que podem variar ao longo do tempo, envolvendo ambos os olhos. Os sinais e sintomas mais comuns incluem:

  • Inflamação das pálpebras, com inchaço, vermelhidão e comichão.
  • Sensação de ardência ou queimação.
  • Olhos avermelhados, tipo conjuntivite.
  • Olhos secos.
  • Lacrimejamento excessivo (que pode paradoxalmente ser um sinal de olho seco).
  • Crostas ou remelas nos cílios.
  • Descamação da pele nas pálpebras (caspa nos cílios).
  • Fotofobia (sensibilidade à luz).
  • Visão turva, de natureza transitória, que melhora com o piscar.
  • Perda de cílios (madarose).

Até 40% dos pacientes apresenta olho seco, que ocorre por alteração da produção do filme lacrimal, devido à disfunção das glândulas da pálpebra.

Blefarite

A blefarite geralmente está associada a doenças oculares, como terçol , calázio, triquiase, ectrópio, entrópio, lesões da córnea e conjuntivite infecciosa .

Diagnóstico

O diagnóstico costuma ser feito pelo médico oftalmologista, mas pode ser dado pelo clínico geral quando os sintomas são muito típicos.

Os testes e procedimentos utilizados para confirmar o diagnóstico da blefarite incluem o exame cuidadoso das pálpebras, que pode ou não incluir uma coleta de amostra de secreção para pesquisa de bactérias, fungos ou evidência de alergia.

Tratamento

A blefarite é uma doença crônica e não tem cura. No entanto, o tratamento é muito eficaz e relativamente simples. O único problema é que se o paciente interromper o tratamento, a doença volta a apresentar sintomas.

Uma boa higiene das pálpebras é a base do tratamento de todas as formas de blefarite. O objetivo é aliviar os sintomas e desenvolver um esquema de manutenção para prevenir ou minimizar exacerbações futuras.

Blefarite com sintomas leve

Pacientes com sintomas leves a moderados podem ser tratados com medidas sintomáticas, incluindo compressas quentes, massagem na pálpebra, lágrimas artificiais e colírios.

Higiene palpebral: paciente com debris nos cílios devem limpar o olho afetado com suavidade, utilizando uma compressa embebida numa solução específica para limpeza palpebral, disponível nas farmácias, ou com xampu neutro infantil bem diluído.

É importante ressaltar que deve-se limpar as pálpebras, bem junto dos cílios, mas não o olho em si. Após a limpeza, o paciente deve usar soro fisiológico para enxaguar os restos da solução. A limpeza deve ser feita 1 ou 2 vezes por dia, dependendo da gravidade da blefarite. Lavagem vigorosa deve ser evitada, pois pode causar mais irritação.

Calor local: o calor local ajuda a dissolver as crostas, as secreções gordurosas e melhora a circulação do sangue nas pálpebras.

Para aplicar, use uma compressa úmida com água morna a quente (cuidado para não deixar a água excessivamente quente) e coloque-a sobre a pálpebra durante 5 a 10 minutos, mantendo os olhos fechados. Este procedimento deve ser repetido 2 a 4 vezes por dia, sempre antes de fazer a higiene descrita acima.

Massagens das pálpebras: a massagem suave da base dos cílios visa drenar as secreções das glândulas. A massagem deve ser feita com pequenos movimentos circulares e horizontais, durante alguns segundos, logo depois da compressa morna. Deve ser feita principalmente pelos pacientes que tem blefarite posterior.

Lágrima artificial: Os pacientes geralmente precisam usar colírios de lacrimais artificiais para tratar a secura ocular associada à blefarite.

Ômega 3 : apesar de não haver evidências definitivas, a suplementação com ômega 3 tem sido prescrita como forma de regular a função das glândulas palpebrais e melhorar o ressecamento ocular.

O ômega 3 pode ser usado na forma de pó ou de drágeas. A dose recomendada é de 1 grama, 2 vezes por dia, junto das refeições.

O ômega 3 é encontrado de forma natural em alguns peixes (salmão, sardinha), em algumas sementes (linhaça) e em óleos vegetais.

Falamos mais sobre as fontes e os benefícios do ômega 3 no artigo: ÔMEGA 3 – Alimentos, suplementos e benefícios .

Blefarite com sintomas graves

Para os pacientes que não respondem às medidas sintomáticas descritas acima e para aqueles com sintomas graves, sugerimos antibioterapia tópica ou oral.

Devido ao maior potencial de efeitos colaterais sistêmicos com medicamentos orais, a terapia tópica geralmente é tentada primeiro.

Pacientes com sintomas graves ou refratários devem sempre ser tratados por um oftalmologista.

Antibióticos tópicos (pomadas oftalmológicas): as pomadas com antibióticos tópicos (por exemplo, bacitracina, eritromicina) costumam melhorar os sintomas, reduzindo a carga bacteriana dos cílios e conjuntivas. Esses agentes tendem a ser mais eficazes na blefarite anterior, mas também funcionam da blefarite posterior.

A solução oftálmica tópica de azitromicina a 1% é um agente alternativo, especialmente para pacientes com blefarite posterior.

A pomada antibiótica deve ser aplicada diretamente na margem da pálpebra, uma vez ao dia ao deitar. Quando os sintomas melhorarem, o que ocorre geralmente de uma a duas semanas, o tratamento pode ser interrompido. As medidas de higiene das pálpebras devem ser continuadas.

Antibióticos orais (comprimidos): os antibióticos orais (por exemplo, doxiciclina, tetraciclina, azitromicina) são geralmente reservados para pacientes com blefarite crônica moderada a grave que têm uma resposta inadequada à antibioticoterapia tópica.

Glicocorticóides tópicos : corticoides tópicos geralmente são reservados para pacientes com blefarite que não respondem a outras terapias. Os agentes de baixa potência, como a rimexolona, o etabonato de loteprednol e a fluorometolona, são preferidos pois têm menor risco de efeitos adversos.

Os corticoides tópicos só devem ser prescritos em consulta com um oftalmologista. O tratamento deve ser limitado a duas a três semanas para reduzir o risco de formação de catarata ou glaucoma.


Referências

  • Blepharitis – National Eye Institute.
  • Blepharitis – American Academy of Ophthalmology.
  • Blepharitis – UpToDate.
  • Adult Blepharitis – Medscape.
  • Ferri FF. Blepharitis. In: Ferri’s Clinical Advisor 2015: 5 Books in 1. Philadelphia, Pa.: Mosby Elsevier; 2015.
  • Yanoff M, ed., et al. Blepharitis. In: Ophthalmology. 4th ed. Edinburgh, U.K.: Mosby Elsevier; 2014.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Dr. Renato Oliveira

O Dr. Renato Oliveira é medico oftalmologista graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização em Córnea e Doenças Externas Oculares pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Faz parte do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa